O Triunfo dos Porcos
AUTOR: GEORGE ORWELL EDITORA: EUROPA-AMERICA
George Orwell (Eric Arthur Blair, 1903 – 50), escritor inglês que se celebrizou principalmente por seu livro O Triunfo dos Porcos (1945) uma sátira à revolução comunista, e 1984 (1949), que descreve uma terrível sociedade totalitária e desumanizada. Foi também escritor político e ensaísta, escreveu ainda, relatos de suas experiências na Guerra Civil Espanhola. [1]
Dez capítulos compõem a história, onde é narrada a batalha dos animais da Quinta do Manor; revoltados com o comportamento do Sr. Jones, que vivia embriagado e não os alimentava, resolvem expulsá-lo da fazenda. O fato se dá quando um porco chamado Velho Major, reúne os animais da quinta e diz-lhes de um sonho onde todos os animais viviam juntos sem nenhuma opressão ou controle humano. Diz aos animais que eles devem trabalhar em busca do tal paraíso e lhes ensina uma cantiga chamada "Animais da Inglaterra," na qual sua visão ideal é descrita liricamente.
Os animais recebem o sonho do Major com grande entusiasmo.
Quando morre, três noites após a reunião, três porcos mais novos: Snowball, Napoleão, e Squealer - formulam as principais idéias deixadas pelo Major em uma filosofia chamada Animalismo.
Rapidamente, os animais derrotam o Senhor Jones, dono da quinta, mandando-o para fora das terras. Os animais rebatizam a propriedade de “Quinta dos Animais” e dedicam-se à realização sonho do Major.
As galinhas representam bagunça, pois estão totalmente perdidas no meio da Revolução. As ovelhas repetem o hino o tempo todo sem saber ao menos o que estão cantando. Podem ser consideradas como a parte da população que não tem opinião própria; na hora de escolher o líder, cantam a música que é bonita e pegam o primeiro “santinho” que encontram na rua para votar.
O corvo Moisés, com suas histórias sobre o paraíso, representa a igreja Católica, que na época das Revoluções ficava no meio da população, “pintando” um mundo de sonhos, e assim como o corvo era ignorada pelo líder, não trabalhava, mas era uma forma de lucro para o governo.
O burro Benjamim, não dava opinião, vivia preso em suas verdades, dizia que os burros têm vida longa, e que sua vida não mudara com aquela revolução. Presenciava a tudo e preferia não falar nada, pois era incapaz de denunciar as coisas corrupções.
Os porcos eram os líderes, os mais bem tratados, para eles ficavam as maçãs, o leite e tudo de melhor. Trabalhavam menos que os outros animais.
Os ratos eram os animais menos vistos, a prole da prole. A mais baixa camada social.
Os gatos viviam em silêncio, representam uma classe que não fala, não expõe suas vontades. Os cachorros, treinados por Napoleão, simbolizam policia de elite, os grupos de extermínio, que, se treinados defendem os líderes de qualquer coisa, intimidando os inimigos.
A égua Mollie, só pensava em torrões de açúcar e laços na cabeça, simboliza a classe materialista que pode ser comprada a qualquer momento.
O Boxer - cavalo de tração - devota-se à causa com zelo particular, aplicando sua grande força à prosperidade da fazenda e adotando como lema pessoal a afirmação: “Eu trabalharei mais ainda”.
No início, a quinta prospera. Snowball trabalha ensinando os animais a ler, e Napoleão cuida de um grupo de filhotes de cachorro para educá-los nos princípios de Animalismo.
Quando o Sr. Jones reaparece para retomar sua quinta, os animais derrotam-no outra vez, e essa luta fica conhecida como a batalha do Estábulo, tomam a espingarda do senhor Jones como símbolo de suas vitórias.
Como o passar do tempo, entretanto, foge cada vez mais de Napoleão e de Snowball decidir sobre o futuro da quinta, e os começam a esforçar-se para ver quem conquista mais poder e influência entre os outros animais. Snowball monta um esquema para construir um moinho de vento que gerasse eletricidade, mas Napoleão opõe solidamente ao projeto.
Propõe uma reunião de voto sobre projeto, Snowball dá um discurso convincente. Embora Napoleão dê somente um discurso breve, faz um ruído estranho, e nove filhotes de cachorro (os que Napoleão recolheu "para educar"), entram no celeiro e expulsam Snowball da quinta.
Napoleão assume a liderança da quinta e declara que não haverá mais reunião. Afirma aos que para o bem de todos, tomará as decisões sozinho.
Napoleão agora muda rapidamente seu pensamento em relação ao moinho de vento; e os animais, em especial Boxer, devotam seus esforços a terminá-lo. Um dia, após uma tempestade, os animais encontram o moinho de vento destruído.
Os humanos donos das Quintas da vizinhança declaram convencidos, que os animais fizeram as paredes muito finas, mas Napoleão reivindica que Snowball retornou à Quinta para sabotar o moinho de vento.
Faz um grande massacre, durante a alegação dos vários animais que ele acusa ter participado na grande conspiração tramada por Snowball .
Todo o animal que opusesse ao Napoleão, ou à sua incontestável liderança, se deparava com a morte imediata nos dentes dos cães de ataque.
Com sua liderança inquestionável (o Boxer analisando a situação, fez sua segunda máxima: " Napoleão sempre tem razão"),
Napoleão começa a expandir seus poderes, reescrevendo a história tornando Snowball um bandido. Napoleão começa também a agir mais e mais como humano. Dorme em uma cama, bebe uísque, e negocia com os fazendeiros vizinhos.
Os princípios originais de Animalismo proibiam estritamente tais atividades, mas o Squealer, propagandista de Napoleão, tem sempre uma justificativa para os animais com relação às atitudes do líder, convencendo os que Napoleão é um grande líder e está fazendo coisas melhores para todos. Apesar do fato de muitos animais estarem passando frio, fome, e trabalharem em excesso.
Após a demolição do moinho de vento, segue uma grande batalha, durante que a qual Boxer fica muito ferido e fraco.
Um dia, de acordo com o Squealer, Boxer, vai ao hospital, fazer uns exames e não suportando o sofrimento morre, elogiando a rebelião em sua última respiração. Na verdade, Napoleão vendeu Boxe, seu cavalo mais leal e mais trabalhador a um fabricante da cola a fim comprar uísque.
Os anos se passam na Quinta dos Animais, e os porcos transformam-se mais e mais parecidos com os seres humanos. Segurando chicotes, eretos, usando roupas e bebendo bastante.
Eventualmente, os sete princípios de Animalismo, conhecidos como os sete mandamentos e inscritos ao lado do celeiro, foram reduzidos a uma única leitura do princípio: "todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros.”.
Napoleão recebe um fazendeiro humano chamado Sr. Pilkington em um jantar e declara sua intenção para aliar-se com os fazendeiros humanos de encontro às classes, trabalhando nas comunidades humanas e animais. Muda “também o nome da parte traseira da Quinta dos animais à “Quinta do Manor”, reivindicando que este título é uma correção”.
Olhando lá de fora através da janela da casa, os animais dizem que já não sabem quais são os porcos e quais são os seres humanos.
Uma obra que vale a pena ler, pois leva a reflexão, deixando uma indagação: Existe Revolução perfeita? Será que sabemos escolher nossos líderes?
Em quem acreditar? Manifestar desgosto leva à mudança?
Apesar de ser um livro escrito em 1945, essa alegoria não deixa de satirizar nossa história atual. Se olharmos em volta, veremos porcos no comando, ovelhas repetindo lemas de campanha, traidores, cúmplices, ratos, gatos, corvos, cavalos. Veremos que vivemos em uma fazenda de bichos. O difícil é saber que tipo de bicho devemos ser.
[1] Nova Enciclopédia Ilustrada da Folha, Volume II.Folha de São Paulo.