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23 setembro, 2013

Balinhas de 1 centavo

Um dos prazeres da Vida adulta é poder revisitar as sensações da infância quando quiser...
Foi no churrasco de uma conhecida, que outro dia revivi a sensação de comprar balinhas de um centavo. 
Quando eu era criança lá em Vitória (ES), costumava correr para "as vendinhas" mais próximas em busca dessas balinhas coloridas, conhecidas por muitos como "balinhas de goma", as mesmas são comercializadas pela empresa Dori como "Bala de Goma Deliket Jelly Beans".

Eu amava pegar qualquer moeda e correr para o botequinho da esquina e pedir que o Seu Zé me vendesse algumas balinhas. A venda não era convencional, como compramos atualmente no saquinho fechado. Cada balinha custava um centavo, muitas vezes eu corria lá com duas moedinhas de um centavo para comprar duas balinhas. Minha maior felicidade era ganhar uma moeda de vinte e cinco centavos e correr toda sorridente para o boteco do Seu Zé:
- Seu Zé, tem balinha de um centavo?
- Tem sim, minha filha!
- Quero vinte e cinco! - e abria um sorrisão quando Seu Zé abria o baleiro, pegava a pinça de bala e começava a contar balinha por balinha até completar vinte e cinco!
Lembro que eu nem piscava, acompanhando a contagem atentamente para que não faltasse uma balinha, ia para casa com um saquinho de papel com minhas balinhas preferidas.
O sabor das frutas tão marcantes em cada cor, as que eu mais gostava eram as roxas, rosas e vermelhas. As azuis eram de anis (sempre achei que eram de erva-doce), como eu gosto de erva-doce, também curtia o sabor das balinhas azuis!
Adorava quando o boteco do Seu Zé estava lotado e ele ocupado, não tinha tempo para contar bala por bala, colocava um punhado generoso no saquinho e mandava eu ir embora...
Eu, saltitante, ia para casa feliz da vida com meu saquinho de balinhas de um centavo.

Nesse dia que reencontrei as balinhas no churrasco da Mônica, fiz questão de saborear uma por uma de olhos fechados, revivendo cada centavinho que gastava para construir essa memória!

28 março, 2012

Memória da Alfabetização

Há mais ou menos um mês, comecei o Curso de Pedagogia EAD, respondendo ao fórum sobre aquisição da escrita - do desenho à palavra, comecei a lembrar como esse processo aconteceu comigo.
Sempre gostei muito de escrever e aprecio quem faz isso tão bem que chega a transformar em arte, estou longe de ser uma artista com as palavras, mas procuro traduzir aquilo que sinto fazendo uso da escrita.
Nem todo mundo pensa em como acontece esse processo de aquisição da escrita, só sabe que aprendeu a escrever e pronto.

Essa fase da aquisição da escrita é tão gostosa, e por isso mesmo, acredito que deve acontecer sem pressão, para que a criança não fique traumatizada. Deve acontecer de forma natural e encorajadora.
Lembro bem de quando eu tinha entre cinco e seis anos, antes de iniciar a 1ª série, eu morria de vontade de escrever, via os cadernos e livros da minha irmã (que estava na 4ª série) e morria de vontade de ler o que havia lá e escrever como ela. Pegava o caderno e rabiscava linhas inteiras de garatujas e pedia que minha mãe e irmã lessem o que estava escrito.
Elas improvisavam a leitura e eu ficava muito feliz, achando que já estava escrevendo de verdade, antes mesmo de ir à escola. Fico feliz com esse incentivo da minha mãe, que mesmo não tendo estudado Pedagogia, nem mesmo o Fundamental Completo, encorajou-me a escrever, não me desmotivou dizendo que não havia nada escrito lá, que eram apenas rabiscos.
Tenho vivo em  minha memória um momento que aconteceu na 1ª série, minha professora, chamada Rossana deu a imagem de um sino e pediu que criássemos uma frase. Prontamente escrevi: "O sinal bateu na capela Plim Plim". Minha professora ficou tão feliz com aquela frase, que chamou minha mãe na escola para ver e ficou uma semana exibindo meu caderno para a turma inteira.
Parece uma frase boba, mas para uma criança de seis anos, é uma grande realização. Sinto isso porque lembro claramente a felicidade da minha professora quando viu minha primeira frase. o encorajamento da minha professora, da minha mãe e irmã, foram de grande importãncia para mim.
Acredito que isso fez toda a diferença na minha formação inicial, tanto que no primeiro semestre na primeira série (sem frequentar pré-escola) já lia e escrevia, estava alfabetizada.

11 setembro, 2011

Eu Acredito!

Sou uma pessoa muito crente. Sim, crente! Aquela que crê em alguma coisa, em alguém! E quando digo que acredito, preciso dizer qual é o objeto da minha crença.
Acredito que leitura não se ensina, se contamina.
Aprender a ler é um fato na vida das pessoas, uns aprendem depressa, bem cedo, outros demoram um pouco mais, e outros, bem...não conseguem dominar a prática durante toda a vida.
Aprendi a ler muito cedo, com sete anos já lia tudo, rabiscava alguns garranchos e forçava as pessoas a lerem os mais absurdos neologismos.
Desde cedo frequentei a biblioteca, levava muitos livros para ler em casa, e anotava todas as leituras que fazia na minha minúscula cadernetinha.
Então, você que me lê, pergunta: "quem contaminou essa menina com a leitura?" Tento buscar na memória, e vejo minha mãe, que teve pouca oportunidade para estudar, sentada, lendo a bíblia ou algum livro da igreja. Taí, foi a Dona Maria quem me contaminou com a leitura. Tanto é que logo cedo li a Bíblia também.
Com essa contaminação, saí lendo, lendo, fui ler no Curso de Letras, que é o que SEMPRE quis fazer, lá, continuei amando mais ainda a leitura. E se hoje sei o que sei, graças aos livros que mergulhei, graças a esse hábito que sempre cultivei. Cada livro lido, cada história contada, cada conversa sobre uma leitura, tudo isso pra mim é pura riqueza.
Já fiz amigos por causa de livros, já ganhei livros de amigos, já li para os amigos, já ouvi amigos lendo para mim. O Livro e eu. Somos assim: um caso de paixão e fidelidade.
Se minha mãe não lesse em casa, acredito que eu não teria seguido esse modelo, claro que fui além da Bíblia, pois foi aí que descobri meu passatempo predileto. E dele nasceu a escrita.
Hoje, como professora, continuo devorando os livros que me cativam, claro que com uma voracidade menor, mas com a mesma paixão de menina. Paixão essa que venho tentando espalhar nas salas de aula por onde passo, pregando aos pouquinhos essa minha crença na leitura, que enobrece, entrete, alegra, leva para viajar...leitura que contamina.
Não ensino meus alunos a ler dando-lhes um livro obrigatório para uma prova boba que depois será engavetada. Deixo-os livres para serem cativados pelos livros, dou-lhes a liberdade de falar sobre como esse livro mexeu com eles. E tudo isso acontece nas nossas rodas de conversa e leitura.
Tenho visto depoimentos maravilhosos, emocionantes. Vejo-me em cada rostinho que fala do livro, me alegro em ver como mergulham na história e estão contaminados pela leitura.
É por essas e outras, que acredito que podemos ser um país de leitores. Basta você, leitor, contaminar alguém aí por perto. Não precisa falar nada, obrigar? Nem pensar. Suas ações contaminarão por você!

Roda de Conversa e Leitura lá no CEU Vila Rubi
"A gente não aprende a ler, a gente se contamina".


28 junho, 2011

Andar Saltitante

Conversando com uma amiga hoje no intervalo do trabalho, fiz uma importante descoberta sobre uma característica muito particular. Quem me conhece, sabe que tenho a mania de andar saltitante. É. Ando pulando por aí, como se pulasse amarelinha ou estivesse ensaiando algum salto ornamental ou passo de dança.
Se eu fosse um menino, isso pegaria muito mal, certamente seria apelidado de gazela. Ainda bem que nasci menina, o que me permite ser saltitante sem ter que me preocupar em ser julgada ou não.
Fico pensando o motivo dessa minha mania, e hoje durante a conversa com essa amiga, relembrando os prazeres da infância constatei de onde vem minha mania de saltitar.
Passei a infância subindo em árvores pra comer fruta fresquinha, comia manga, jaca, jambo, caju, laranja, castanha, goiaba, cajá, acerola, ceriguela, pitanga, amora, abil,...tudo direto do pé. Lá em Montanha tinha um pé de caju bem no quintal de casa, quando era época da fruta, minhas professoras faziam a festa, todos os dias eu subia no pé de caju pra encher as sacolas pra elas.
Ah, como era bom comer manga verde com sal, cajá com sal e até a própria folha do cajá com sal! Qualquer fruta azedinha, era logo combinada com sal. Pensando nessa mistura toda, fico até com água na boca.
Minha infância também teve banho de rio, visão de cachoeira (quase secando, mas tinha). Morei em um bairro chamado Lajedo. As ruas de lá são todas de pedra, e qualquer caminho te levava ao rio. Quando não tinha água em casa, eu aproveitava a desculpa de lavar "vasilha" no rio só pra tomar banho. Um dia quase morri afogada. deu um medo danado!
Acho que foi nesse bairro que comecei com a mania de saltitar, quando escurecia, pessoas medrosas como eu, só podiam sair de casa se fosse saltitante. As ruas ficavam infestadas de sapo cururu. Sim! aquele super sapo com cara de buldogue. Eu morria de medo de sair nas ruas depois que escurecia. Só na porta de casa já cheguei a contar mais de dez desses "sapinhos amigáveis". Morria de medo que eles fizessem xixi nos meus olhos e me deixassem cega (lenda que ouvia desde menina).

Por conta desses habitantes noturnos, eu ia para os lugares saltitando como doida. E isso virou mania. Se passava por dentro do mato, era ainda pior, nunca pedi que alguém medisse, mas tenho certeza que meus pulos passavam de meio metro. Cobras e ratos também contribuíram muito para meus super saltos. tanto é que já matei um rato no susto, saltando em cima dele.
O que o medo não faz com um pessoa! Fui transformada numa menina saltitante. O fato é que adoro ser assim!

16 maio, 2011

Pequenos objetos perdidos

Estava caminhando de volta pra casa semana passada, quando vi um adolescente com uma mochila nas costas, possivelmente voltando da escola, assim como eu. Observei que na mochila dele havia um mini-patins pendurado. No mesmo instante me lembrei que eu tive um daquele, isso há quase dez anos.
Na época que comprei o patins, eu ainda morava em Teixeira de Freitas, BA. Meu sonho consumista de criança sempre foi ter um patins, infelizmente não pude ganhar um, muito menos comprar. E para realizar o sonho de menina, um dia comprei um par de patins em miniatura. Ficava com eles nos dedos pra cima e pra baixo. Como se estivesse realmente patinando, sentia-me a pessoa mais realizada do mundo.
Na época de mudar de lá para São Paulo, tive que me despedir de uma grande amiga, a Charlene. Nós éramos como unha e cutícula, andávamos sempre juntas e nos divertíamos muito. Fiquei pensando no que daria à ela quando fosse embora. Nós havíamos feito um rede de crochê, eu havia escrito toda uma agenda para ela, que havia bordado uma toalha com meu nome (tenho essa toalha até hoje). Dentre essas coisas, senti vontade de separar o meu par de patins. Fizemos um pacto, o pacto do patins. Eu ficaria com um pé e ela com o outro, toda vez que sentíssemos saudade uma da outra, pegaríamos o pé do patins para brincar. Ela sabia que aquele brinquedo era muito especial para mim.
Esse pé de patins me acompanhou durante muito tempo, sempre lembrando da Charlene, relendo suas cartas e brincando com o pé do patins. Foram muitos anos, dentro desses dez, que carreguei esse patins. Quando falava com a Cha, sempre perguntava se ela ainda o tinha. O tempo foi passando, fomos perdendo contato, minha amiga casou, eu fui morar em Atibaia, depois voltei para Diadema, mudei diversas vezes de casa, e nessa via sacra, não sei mais onde foi parar o meu pé de patins.
Essa lembrança me fez pensar em como o tempo faz a gente se distanciar das pessoas, por mais que as amamos, a saga diária faz com que a gente deixe de pensar nessas pessoas, vai deixando de lado, vai deixando de dar atenção e quando vai ver, já se distanciou. Não queria ter me distanciado assim dessa amiga, assim como não queria ter me distanciado de tantas pessoas especiais que já passaram pela minha vida.
Esse pé de patins denunciou o meu distanciamento das coisas queridas, não estou cuidando direito dos velhos amigos. Se eu tivesse cuidado bem dessa amizade, talvez ainda saberia do paradeiro desse pé de patins.
Será que o pé que ficou lá na Bahia ainda existe? Será que é guardado com carinho? Será que ela lembra do pacto? E a rede? Será que ela lembra que construímos juntas aquela rede de barbante na escola e em sua casa? Não sei a resposta para essas perguntas. Tentarei identificar onde deixei o meu pé de patins e depois procurarei a Charlene para saber se lembra dessa nossa façanha. Ainda bem que não a perdi das redes sociais.

Depois que meu pensamento deixou o pé de patins de lado, comecei a pensar em todos os meus objetos um dia perdidos, já perdi tanta coisa, que não saberia onde começar a procura.
Xuxinhas, canetas, manuscritos e as pequenas coisas que vou perdendo, e que só me dou conta quando não sei mais por onde começar a procura...

26 janeiro, 2011

Vovô Firmino,

Ontem quando deitei para dormir, fiquei pensando no senhor. Lembrando sua alegria e forma de comunicação. Um homem astuto que lidava muito bem com as palavras. Palavras que me faziam sorrir, gargalhar, pelo simples fato de não conhecê-las. Eu o julgava ignorante, por pensar que as suas palavras eram erradas ou até mesmo inventadas. Mesmo assim, prestava muito atenção ao que dizia, só pra depois sair repetindo e zombando do seu modo firminês de falar.

Ainda lembro quando eu acordava pela manhã, pedia-lhe benção, ao que o senhor respondia: "Deus te abençoe minha fia". Lembro como o senhor acordava cedinho, mesmo aposentado, lá pelas 6h00 já estava de pé, coando o seu barulhento café.

Eu ouvia cada detalhe, e lembro como se fosse hoje. Primeiro o senhor levantava, lavava o rosto, ia ao quartinho, fazia suas necessidades e higiene matinais. Depois colocava o bule com água para esquentar no fogo. Ouvia atentamente as batidas da colher, colocando açúcar e adoçando a água, e o barulho do sopro esfriando a colherada de café sendo experimentada. Depois aquele cheirinho de café incendiava a casa.

O senhor ia para a calçada e dava "Bom Dia" a todos os compadres e comadres que passavam pela rua. Era nesse momento que eu ouvia o "passou..." bem baixinho. Cheguei a pensar durante toda a minha infância que o senhor estava contando cada um que passava, e na medida em que iam passando o senhor resmungava que aquele compadre já havia passado, numa espécie de conferência. Só pouco tempo atrás que me dei conta de que aquele passou podia representar uma pergunta: “Como passou?”.
Tinha dia que eu me demorava a levantar da cama só pra ouvir o senhor gritar lá do quintal: “Jaquélinooo, levanta!!! Vem passar manteiga no bico das galinha”. Gostava daquilo, mas nunca soube o significado. Também gostava de ouvir as histórias que contava sobre Romãozinho, um menino negrinho malcriado, que muito lembra o saci. O senhor dizia que quando trabalhava “lá fora” topava muito com ele pelas estradas. Apesar de ter medo do Romãozinho, gostava de ouvir as histórias, prometia sempre a mim, que jamais seria malcriada com minha mãe como o Romãozinho fora com a dele. E quando eu pensava em fazer qualquer má criação, o senhor me chamava pra ver a menina que tinha feito má criação com a mãe e me mostrava o espelho.
Quando o senhor ficava bravo, eu ficava só de longe espiando, com medo de sobrar pra mim. Não gostava de ficar “atiquizando” seu juízo. Era assim mesmo que o senhor falava: “Tu vai, me atiquizando, vai me atiquizando, quando eu estourar o juízo, tu vai ver só...”.
As poucas vezes que o vi sério, eram quando alguém o atiquizava, teimando, insistindo em alguma coisa, ou quando o senhor deixava o “texto” cair da panela, o senhor gritava “Pirla” bem alto. Desse xingamento eu ria mais ainda, mas só descobri o significado essa semana. O senhor xingava em italiano. Descobri essa semana que “pirla” quer dizer idiota, estúpido. Dependendo do contexto pode até fazer referência ao órgão sexual masculino.
Devo confessar que o senhor era mesmo hábil com as palavras. Pena que eu não tinha maturidade para aprender mais com o senhor. O que era estranho para mim, era uma verdadeira variação linguística. Se fosse fazer um levantamento do seu vocabulário hoje, daria para fazer um dicionário firminês.
O senhor calçava as “precatas”, ia no “Vadim” fazer a feira e voltava contente com sacolas e o jogo do bicho feito.
O que mais ficou em minha memória, das tantas lembranças, foi o dia em que eu, sentada na calçada de casa, estava estudando sobre a cultura dos povos Incas, Astecas e Maias. O senhor que não sabia ler, aproximou-se e começou a ver as imagens. Eu li todo o texto didático enquanto o senhor ficou de pé, com uma mão no queixo, dizendo: “Hum, Hum, tô cumpriendeno”. No outro dia, o senhor discursou orgulhoso na calçada para alguns compadres: “Jaquéliiino, já tá no terceiro grau. Essa menina pega uns livros do colégio e dá definição em tudo, tudo, tudo...”.
Fico pensando, sabe Vovô, naquela época eu tinha 11 anos e estava na sexta série. Hoje, aos 23, sou uma professora buscando realizar meus sonhos de menina. Lembro com tanto carinho e alegria do senhor, que sinto que não partiste. Que ainda está lá em Montanha, contando seus causos na calçada. Fico imaginando o que diria de mim...
Lembro do meu vovô com muito carinho, e agradeço a Deus pelo tempo que passamos juntos. Tenho memórias que nenhum dinheiro paga. Meu avô era um sábio com as palavras e com as histórias. Uma fonte inesgotável de cultura popular. Difícil aprender o que aprendi com ele nos livros já publicados.

Vovô Firmino, as rodas de conversa devem ter ficado mais animadas onde ele está agora

____________________________
Vocabulário Firminês:

Lá fora: roças, fazendas, outros Estados onde viveu.
Atiquizar: Instigar, incitar, aborrecer.
Texto: tampa da panela
Pirla: idiota, estúpido
Precata: Alpercata – calçado de couro, chinelo, mais conhecida como papete.



Outra postagem com Vovô Firmino

29 maio, 2010

Montanha, minha Terra...

 
Ah, essa vista!
Essa letra M...
Me diz tantas coisas,
Traz tantas lembranças...
Quase ninguém a conhece,
Esse símbolo, 
Essa Cidade,
Essa Montanha...

Vista simbólica da minha Cidade Natal, lá no ES, onde há 23 anos eu era um bebê recém nascido.
Curiosamente, minha cidade tem a mesma letra de maio e de Maria, minha querida mãe.
Passei pouco tempo da minha infância em Montanha, antes de completar dois anos de existência minha mãe mudou-se para a cidade onde vive minha avó paterna, Teixeira de Freitas (BA).
Depois de completar 3 anos fomos viver em na Grande Vitória (ES). Só voltei a reencontar essa paisagem da minha cidade aos 12 anos, onde vivi bons momentos, de onde guardo boas lembranças do início da minha adolescência.
Recordo com carinho das pessoas, das ruas, praças e passeios de bicicleta.
Estudei a sexta e a sétima série no Colégio Domingos Martins e tive aulas de Matemática com a Professora Iracy Baltar, a mesma que hoje administra a cidade (me enche de orgulho saber isso).
É uma pena não ter acompanhado as eleições de 2008, teria aprendido todas as musiquinhas da sua campanha. 
Ainda lembro as que aprendi em 2002, quando quem ganhou foi Hércules Favarato.
Tenho saudades da minha cidade, é lá que mora a minha mãezinha e as minhas mais bonitas lembranças, sem falar nos causos do meu avô Firmino.
Espero visitar em breve a minha mãe, e relembrar com carinho meus momentos Montanhenses.
Vai ser difícil olhar para a rua Rui Barbosa e não lembrar do meu avô contando suas histórias na calçada, com sua xícara de café nas mãos, dando bom dia e dizendo quem passou...

Quando bate a saudade de Montanha, procuros informações na internet, não encontro muitas coisas, mas o pouco que encontro já me enche de alegria, aviva minhas lembranças. Segunda-feira passada foi um dia desses, encontrei um vídeo de um bairro onde morei (Lajedo), com imagens do rio onde eu tomava banho e lavava as louças de casa e onde quase morri afogada. O vídeo mostra o rio transbordando, uma bravura só da natureza.

Verdadeiro dilúvio...teria ficado com medo se estivesse lá...

Encontrei também um vídeo que homenageia a cidade, devo parabenizar a autora do vídeo, fique com saudades e com desejo que chegue logo o final do ano, para visitar minha querida cidade...
Não estou com saudades do passado, apenas com saudades de um lugar que existe e que merece lugar em meu coração.
Depois que revisitar Montanha, colocarei informações no blog, nunca mais haverá escassês de informações sobre Montanha na internet. Todos ficarão com vontade de ir até lá.
Encontrei um site que tem informações sobre a cidade, com um bom acervo de fotos, dá pra ter uma boa noção da cidade também, apesar de não terem colocado fotos da parte baixa de Montanha, está valendo. Eu coloco quando estiver na cidade. Valeu Antonioni!


Créditos à Cida, Parabéns pelo vídeo e obrigada por compartilhá-lo!

29 novembro, 2009

O choro

Por muitos dias a seca reinou aqui dentro de mim.
Tentava trazer ao menos uma lágrima, mas não era possível, nem saliva era capaz de umedecer os olhos. SEcos, duros, sérios.
Os olhos sorriam bastante. Mas estavam sedentos. Precisavam de lágrimas, precisavam de um banho, a alma precisava de uma renovação.

Foi preciso saber que perpetuará a sua geração para que as lágrimas pulassem dos meus olhos.
Foi preciso ver o que não queria para matar a sede dos meus olhos.
Isso foi anteontem.

Hoje meus olhos se refrescaram novamente.
Dess vez em memória ao meu pai. Ouvindo a homenagem feita pelo filho do Fábio Jr. senti uma saudade infinda dele. Meu Pai. Seis anos sem ele. Seis anos que vivo de sua lembrança.
Queria tanto você aqui, me vendo crescer, queria teu abraço.


"Hoje disparou uma saudade tão grande do meu pai que não sei o que faço com essa lembrança. não sei como lidar com isso, mas em minha vontade é chorar...fecho os olhos e o vejo. Tento buscar o abraço...mas me perco no rio de lágrimas."

Molhei de novo meus olhos...
Paro aqui. Não posso mais escrever. Deve ter estourado o cano...

15 julho, 2009

Lembrança boa

Tempos atrás, quando eu ainda morava em Atibaia, na casa da minha amiga e irmã Bu, assistimos um filme chamado Em seu Lugar, filme divertido e que valoriza muito as relações familiares, no final há a citação de um poema que nunca esquecerei. Muito lindo e tocante. O poeta é desconhecido, procurarei algo mais dele, palavras encantadoras.

Eis o poema:

"Eu carrego seu coração comigo
Eu o carrego em meu coração
Eu nunca estou sem ele
Onde quer que eu vá
Você vai, meu querido
E o que quer que eu faça sozinha
Tem você, meu querido

Eu não temo o destino
Porque você é o meu destino, meu doce
Eu não quero o mundo, por mais belo que seja
Porque você é meu mundo, minha verdade

Este é o maior dos segredos que ninguém sabe

Você é a raiz da raiz,
O botão do botão
E o céu do céu
De uma árvore chamada vida
Que cresce mais alto do que a alma pode esperar
Ou a mente esconder

Este é o milagre que distancia as estrelas

Eu carrego seu coração
Carrego no meu coração"

e.e. cummings

28 julho, 2008

The first week!

Depois de uma semana morando sozinha, passo para dizer que sobrevivi...
E sobreviverei!
Estou muito contente!
Um período de adaptações, mas muito gostoso!
Cheio de novidades e descobertas!
É tanta coisa pra contar, que já dava até um livro.
Contarei a última, ocorrida ontem,
cheguei de um casamento às 04h da manhã, e ouvi um miado de gato na minha varanda.
fui dormir acreditando que eram gritos desesperados de gatos quando namoram!
Engano meu, quando acordei, o miado da gata ainda estava lá, e que miado! alto e desesperado, olhei pela porta e lá estava ela: uma gata cinza, gorda (provavelmente "prenha")
tentei expulsá-la verbalmente, ela olhava pra mim e miava "nãaaaou".
Já cansada de tentar um diálogo com ela, peguei um copo´com água e joguei nela.
A coitada pulou o muro e foi embora!
Gorda que só ela,
coitada! fiquei pensando depois, que se os gritos fossem mesmo para dar à luz, eu vou ser castigada, pois fiz a coitada pular o muro morrendo de dores...
Mas, eu não podia deixar que ela ficasse ali, a dona da casa não permite animais no quintal!

...

01 março, 2008

Valeu a pena ê ê!!!!

Eu e meu padrinho (tio)

As Formands de Letras

Primas, caindo na Dança!



Cris, Eu, a Bru...de Atibaia e a prima maima.


Aquela última conferida no espelho!
Pessoal, conforme prometi...
um momento fotolog!
Fotos do baile de formatura, realizado no dia 23/02/2008.
Dessa vez não houve nenhum temporal que ameaçasse a nossa chegada!
Foi tudo ma-ra-vi-lho-so!
e Tudo valeu a pena...
Faria tudo novamente!
aproveitando cada minuto intensamente!
Porque passa muito rápido!

E não volta mais!
Valeu Galera, pela presença, torcida e força!


02 novembro, 2007

Quero uma rede preguiçosa pra deitar!

Em tempos de vésperas dezembrinas,
a Flor acha-se cansada!
a Flor também procura uma vida nova e anda cheia de esperanças para o ano que se aproxima!
Mas antes ela deverá vencer os últimos obstáculos que restam PARA esse 2007!
A Flor ontem lembrou que há cinco anos ela foi levada por uma enxurrada!
Só faltou fazer um bolo de lama para comemorar!

Alguém viu o beija-flor por aí?
A Flor anda em sua procura!
Quem o avistar; favor comunicar à Flowers!
Falta pouco pessoal.
Isso aqui vai deixar de ser um espaço ao léu!

Mas por enquanto....
antes que a rede apareça, a Flor continuará arregaçando as mangas,
em busca de seus sonhos!

18 julho, 2007

Da ascensão de Uma Flor (1)

A série das comunidades ficará para os momentos em que a inspiração desaparecer. Ontem acordei inspirada...Resolvi escrever sobre uma certa Flor.

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Parece que tudo terminou. Foi como uma estação; poderia comparar ao Verão, que chega quente e cheio de novidades...Mas não! Foste um tanto frio ao desprezar uma Flor.

Então comparo-te ao Inverno, o que ele representa para ela: frio, doloroso, instável - mas que em certos momentos a flor até gosta de sentir.

O fato é que o Inverno proporciona um descanso que ela aprecia; diferente de você, que a fez desgastar todas as forças reunidas ao longo da vida, esperando pelas migalhas e folhas que você despachava, e que ela humildemente aceitava, na esperança de algo melhor.

Quando avistava as folhas caindo, sentia uma enorme alegria. Pensando: - Puxa! que ótimo, ela irá degustar a fruta...

Mas quando surgias, trazias apenas folhas secas. Ela enganada, um dia deixou-se levar acreditando que você fosse o príncipe beija-flor, e tornou-te conhecedor dos seus segredos....Sonhou e achou que já era Primavera, e que estava em um lindo Mar de rosas, somente Ela e você!

Mas o sonho durou apenas 12 badaladas, e a Flor-Cinderela, quando acordou viu que ainda era Outono...e continuou esperando por uma folha viva.

Hoje já é Inverno. Frio, doloroso, chuvoso e solitário, e já que a natureza não conspira nessa união, a Flor resolveu esquecer. Após muita espera e contínuas decepções, Ela resolve sair e perceber que assim como ela, existem elementos mais atrativos que as Estações - nas próprias estações!

A Lua a levou para conhecer as estrelas, que a aconselharam a cantar. Um Anjo, velho amigo da Flor, que mora distante, a instruiu a conversar com o Pai.

Assim ela fez. Saiu, dançou, divertiu-se, conheceu outras flores... e quando você apareceu, quase a fez cair em tentação. Mas o Anjo, a Lua e uma amiga Borboleta a acalmaram.

Hoje, apesar do frio, a Flor está felicíssima, conheceu o Sol. Ele parece a querer bem. Isso a Flor soube logo de cara!

Ela precisa correr e contar essa novidade aos seus amigos...o Anjo, a Lua e a Borboleta!

15 julho, 2007

Daqui de dentro ♥

Hoje resolvi não postar nenhuma comunidade, não significa que deixarei de postar esse tema, o fato é que hoje deu vontade de escrever coisas daqui de dentro. Eu preciso! As comunidades esperam. Tema de hoje??? Sei lá...minha mente dita e meus dedos obedecem...guiados por alguns sentimentos guardados em meu interior.

[Uma história mal contada]

Tão "pequenino"
Primeiro aparece.
Observa.
Sorri sem jeito.
Disfarça.
Conversa timidamente.
Pergunta o nome.
Encontra o orkut.
Deixa um recado;
Adiciona.
Msn.
Conversas...
Encontros ao acaso.
cavalheiro. companheiro.
Elogios. Menções.
O contato.
"O casamento forçado"
A volta pra casa.
O sumiço.
Não queria nada não.
Outras conversas virtuais.
O sentimento. A afinidade.
A vontade de ver.
Viu. ficou de novo. Gostou.
Tempo...saudade.
Praia. Aproximação.
Mancada...abandono.
Outra vez mancada.
Mancada.
Novamente conversas.
Atração. madrugada. loucura demais.
Escândalo!
Sumiço duplo.
Gelo.
Doença. Visita. Sumiço.
Cisma.
Reaproximação. (tentativas)
Desaprovação....
Decididamente.
Algo aqui dentro que era pra ser lindo...
Depois de tudo....está se tornando ódio.
Água em vinho.
Leite em pó!

12 julho, 2007

Eu ensaboava o box do banheiro



Lembrei logo da minha infância quando entrei nessa comunidade...
Eu fazia isso sempre. Com direito a penteado do Galeão Cumbica, design de roupas com espumas, e escorrega-lá-vai-um.
Levava todo um tempo ensaboando o box do banheiro com a bucha, e depois fazia desenhos, e desmanchava, e fazia novamente...
Ah...como era bom ser criança!..
Nem se preocupava com o tempo, ou com a conta de água...
Tudo era diversão.

07 julho, 2007

Comunidades...

Começa aqui uma série, que não precisa ser tão levada a sério.

resolvi postar a partir das minhas comunidades do orkut...

Fiquem a vontade para falar se não entenderem nada...

Pode ser que eu demore a postar...férias conturbadas...afazeres e minhocas na cabeça...

mas eu chego lá....

Eu já bebi baré!





Pra quem não sabe eu sou capixaba, natural de Montanha (ES)....(é tudo bem!) nunca ouviu falar né...procura lá no mapa que você encontra, fica bem ao norte do ES.

O fato é que cresci em Vitória, a capital do ES, e lá a minha bebida predileta era a baré. Um refrigerante que vinha em uma garrafa reaproveitada de cerveja, que custava 0,60 centavos. Era o máximo... Melhor sabor era o de tuti-frutti, que aproxima-se da conhecida Itubaína...
Agora, pelo jeito parece que pararam de reutilizar as garrafas de cerveja para colocar o refrigerante...não acho mais para comprar!
Ô tristeza....
queria uma baré...
Fiquei feliz em encontrar a comunidade...matei a saudade....
Atualmente eu tomo coca-cola mesmo....



11 março, 2007

Resumindo ...

Achei melhor fazer um resumo dos foqueiros. Já que são muitos e eu estou com tempo curto para atualizar o blog. São livros para ler e atividades a cumprir. Fica só a vontade de reproduzir e dar segmento aos contos em que aparecem os fofoqueiros. Mas como disse a blogueira Bel; eu precisaria de um blog só para esse assunto.
Portanto, falarei apenas dos 2 últimos. Obrigada pelas visitas gente! Estou me sentindo lida! Dicas e críticas são aceitas.


Ano passado morei em Atibaia, e lá na rua morava o "Seu Joel". Um senhorzinho magro, pequeno e de muita fala.
Ele usava como disfarce para tomar conta da vida alheia um "boteco" chamado Ponto Certo.
Podia ser, o ponto certo de ficar sabendo da vida alheia.
Coitado, vai ver ele nem fazia por mal.
Quando passava alguém com uma bolsa ele gritava, "Vai viajar?"
Aquilo dava nos nervos. Não sei como, ele sabia quantos cômodos havia dentro de todas as casas da rua. Tomei bronca dele. Que além de ser fofoqueiro explorava as pessoas enfiando a faca no preço dos seu produtos...

Deixarei de falar dele, porque muito me exalto. O atual é o "Seu Zé". Mais conhecido como "Zé Mentira". Ele é uma figura cômica. Tem uma barriga, que poderia emprestar ao papai-Noel, e uma barba sempre por fazer; exala um cheiro desagradável...Não sei de ele gosta muito de tomar banho. O fato é que ele incomoda. Pelo fato de ficar na porta do salão de beleza onde trabalho. Tudo bem que ele é o dono do ponto. Mas faça-me o favor! Tem gente que não suporta!
Acho ele cômico, pela maneira como ele age quando encontra as pessoas. Diz logo, "já tá sabendo quem morreu essa noite?" "roubaram a casa de Fulano ali em cima."
"Menina, amanheci hoje com uma dor nessas pernas!''...
"A muié loirinha que passa aí, tem um amante que quer alugar o meu ponto aí do lado"...
"O cara que vai embora do bairro, tá alugando a casa por esse preço...ele não aluga nunca!"
E por aí vão as conversinhas fiadas dele, que se tiverem atenção, vão longe. Ele sempre inicia a conversa anunciando a morte de alguém.

Associo ele ao João Romão do Livro "O cortiço" do Aluízio Azevedo.
Seus pontos em comum são muitos. Eis dois:
* João Romão fôra morar com Bertoleza, que tinha uma casa de herança.
- Zé foi morar com A Nadir, que tinha uma casa de herança

* João Romão constrói um cortiço.
- Zé constrói cômodos para alugar, mas os inquilinos não aguentam muito tempo, pelo fato dele intrometer-se em suas vidas.

E por aí vai...
Ele não me incomoda muito, tirando o "cheiro", porque nem fico tanto por lá, e quando passo por ele, falo somente o indispensável; apenas para evitar a fadiga.


Ps: fim da série fracassada...pelo tempo e pela falta de paciência.

06 março, 2007

Arquétipos By Flowers - Parte I

Continuando as histórias dos fofoqueiros da minha vida...
Agora lembro-me de uma senhora que conheci aos 7 anos de idade, quando eu morava na Serra - ES.
Seu nome era Dona Geni. Era pequena, magrinha e usava sempre um lencinho estampado na cabeça. Possuía um jeito bem peculiar. Seus olhinhos brilhavam por novidades, tanto para obtê-las, como para transmití-las.
Quando minha mãe chegava em sua casa, ela oferecia logo um cafezinho e dizia:
- Senta minha filha, um pouquinho, descansa!
E daí saía ligando um assunto ao outro..
Mas não eram coisa bobas. Ela sabia da vida das pessoas do bairro inteiro e ainda das pessoas que moravam em Montanha (cidade citada no pôst anterior, comum à ela também, e que fica a 6 h da Serra.).
Dava conta de quem "tava pra ter neném, quem tinha amazeado"...

Achava curioso, como ela podia saber de tanta coisa de longe, já que ela nem tinha telefone...vai ver mandava cartas...
Eu gostava de ir lá, não só porque ela me dava café, mas porque em sua sala havia um presépio montado...era lindo... e enquanto a fofoca comia solta lá na cozinha, eu ficava admirando a beleza daquele trabalho tão lindo que ela fazia...Parece que ela fazia algo além de saber da vida alheia.
...

03 março, 2007

Arquétipos By Flowers - Introdução


Hoje deu vontade de escrever sobre arquétipos. Segundo o Dicionário Aurélio são tipos de seres criados pela sociedade. E estudando a literatura Brasileira encontrei muitos tipos de arquétipos.
Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida e Aluízio Azevedo, entre outros, Mostram de forma bem clara os arquétipos criados pela sociedade na época retratada.
Lendo esses livros, haverá sempre uma Parteira, um Médico, o Barbeiro, A encalhada, A puta, A viúva, O mocinho, O fofoqueiro...

Pois! É do fofoqueiro que pretendo falar, mas do arquétipo atual, encontrado em vida real, personagens comuns ao meu dia-a-dia, e os encontrado no decorrer da minha vida. Contarei por partes, conforme for lembrando de fases da minha vida.
Passei uns 3 anos da minha adolescência morando na cidade onde nasci. (Montanha - interior do ES). E lá pude notar muitos tipos de fofoqueiros.
Em sua maioria, senhores aposentados, entre 55 e 70 anos com nenhuma ocupação além de irem ao Banco mensalmente e ao Mercado fazer a "feira do mês".
Havia ainda a senhora Dona de casa, que levava o filho na escola e se deixava ficar na calçada, a espiar a vida alheia.
A rotina deles não falhava. Levantavam lá pelas seis, tomavam seus cafés, e rumavam para as calçadas para desejar "Bom Dia" a quem passasse. Lá pelo meio-dia, eles já tinham o "script” completo do Jornal vespertino, que tinha início sempre lá pelas duas da tarde. Sem antes do almoço e da hora da sesta.

Os assuntos eram sempre os mesmos; quem traiu Fulano, quem saiu com Cicrano, quem se juntou com Beltrano... O assunto do Jornal Nacional, a Crise do país, a seca, a fome, política, novela e assuntos comuns e blá, blá, blá...

Era engraçado assistir à cena e ver que meu avô fazia parte dela. Mais engraçado ainda era ver que todos os dias no fim da tarde; Ele, o vizinho da frente e o do lado direito acabava discutindo muito alto por causa da política nacional comparada com a do tempo em que eram jovens.
Era incrível como o vizinho da frente (Seu Geraldo - mais conhecido como Peito de capivara) gritava mais alto que os outros, e acenava, se debatia. Enquanto o da direita (Zé Neném - mais conhecido como tremedeira) tremia sem parar enquanto tentava gritar mais alto para abafar os gritos do S. Geraldo. E meu avô Firmino ficava de pé na calçada limpando a garganta (Rhaaam, Rhaaam!) tentando iniciar um discurso estilo o “Sermão da Sexagésima”, que se iniciava sempre com: “Lá fora...”. Ele sempre fazia referências de tempos remotos... Em que eu nem sonhava em nascer.
O fato é que com toda essa discussão, as pessoas que iam descendo a rua, acabavam parando e sempre davam suas opiniões no “debate”. Um desconhecido na cena, seria capaz de perguntar que briga era aquela.
A discussão só tinha fim ao cair da tarde, quando começava o Jornal local, eles voltavam para dentro das suas casas, para jantar e descansarem do longo dia de debate.

[continua...]

PS: desculpem pelo desenho infantil...me empolguei com o do último post.