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15 agosto, 2012
"Fazendo Ana Paz"
Quem me conhece sabe que sou fã de carteirinha da Lygia Bojunga. Descobri seus livros lá em 2009. Desde então venho lendo seus livros de forma insaciável. O Último que havia lido, foi "Dos Vinte 1". Dei uma desacelerada, pois fiquei com medo de ler os três restantes de uma vez e ficar triste... Enquanto isso reli "Bolsa Amarela" com meus alunos, vi entrevista no Programa Entrelinhas da TV Cultura e li outra no site "Educar para Crescer".
Foi quando topei com esse livro: "Fazendo Ana Paz"
Essa foi mais uma das minhas leituras relâmpago dos livros de Lygia Bojunga. Esperei tanto pra ler, que a sede já estava me sufocando. Foi na Bienal que resolvi terminar essa espera e agarrar de vez mais essa maravilha da minha querida escritora, que sempre me arranca suspiros, faz brotar sorrisos em meu rosto e umedece meus olhos nessa linguagem tão simples, tão Lygiana e nessa leitura tão envolvente e gostosa.
A leitura aconteceu entre o caminho de volta da 22ª Bienal do livro e um intervalo de aula. Maravilhada. Foi como fiquei durante a leitura.
Logo de cara reencontrei a Raquel (Bolsa Amarela), dessa vez soube como foi que ela nasceu, teimosa, insistente e determinada como era mesmo no seu livro.
Depois já me apaixonei pela Ana Paz menina. Teimosa, saudosa e terna...
Adoro essa coisa da trilogia que a Lygia publicou, essa relação do escritor com o personagem, essa briga, teimosia, insistência em existir, mesmo que apenas na ficção, mesmo que apenas no livro... Fez lembrar minha leitura do livro Paisagem...aquele Lourenço cabeça-dura!
É uma leitura diferente, que foge ao senso comum, quem está acostumado com enredos prontos, vai se decepcionar, mas quem curte o diferente, o novo, a curiosidade de saber como se sente a personagem vai adorar essa leitura.
Não posso deixar de dizer ainda que minha inspiração renasce sempre que leio Lygia...como já disse, sou toda sorrisos e suspiros...
Minha memória e sensibilidade ficaram logo aguçadas quando terminei a leitura, mas aguçadas de tal forma, que o lápis depressa se encaixou em minhas mãos e passou escrever o que havia sentido. Rabiscando tímida e alegremente uma mensagem em agradecimento à Lygia, essa mulher que me escreve.
Preciso agradecer por me fazer mais uma vez lembrar tanto da minha criança interior, da casa que foi derrubada lá em Montanha, do tempo que passei lá na minha infância e parte da adolescência, do meu retorno lá ano passado, das minhas memórias com vovô Firmino e principalmente, da falta que me faz a calçada onde tanto brinquei, li e escrevi.
Fazendo Ana Paz - um livro que proporciona um resgate na memória. Resgate da infância, da menina que fui ontem, da mulher que sou hoje, das escolhas que fiz. Já me peguei muitas vezes nesse resgate, e muitas vezes vi que minha memória tem falhado.
Mas esse resgate da Ana Paz é encantador. É um desenho com palavras. Só lendo pra saber.
15 março, 2012
Inspiração Lygiana: A guarda-chuva azul-clarinho
Do último mês para cá, estou sendo beneficiada por uma overdose do livro "A Bolsa Amarela" da minha querida Lygia Bojunga (estou lendo o livro para as minhas cinco salas do Ensino Fundamental). Quem passa por aqui, sabe que sou fã apaixonada dessa escritora desde 2009. Hoje lá na reunião pedagógica na escola da Prefeitura, fiquei com os olhos banhados em lágrimas falando com uma colega sobre a minha paixão pela Lygia, não me acostumei ainda com esse sentimento, mas é assim sempre que falo da Lygia e de todo meu encantamento por ela, acho que entro em transe, fico hipnotizada, revivo toda a emoção sentida desde a minha descoberta, até minha busca constante por seus livros.

Depois que escrevi a história e dei pra Josefa ler, nasceu o momento para registro da JAHO, a guarda-chuva saiu do anonimato no curso de CFC, tudo isso por causa do livro "A Bolsa Amarela".
Depois da conversa com a Simone, a emoção continuou ali, me cutucando, pedindo pra virar palavra, suplicando de tudo de era jeito para virar logo história. Me peguei em diversos momentos do dia imaginando a história dos objetos que carregava, da minha agenda, até a minha sombrinha roxa. Já noite, no último dia de curso CFC, perdida nos detalhes da sombrinha da colega ao lado, escrevi a história da guarda-chuva azul-clarinho. Inspirada, é claro! na história da guarda-chuva da Raquel do livro "A Bolsa Amarela".
*** *** *** *** ***
A Guarda-Chuva de cabo azul clarinho
Por: Jaqueline Flores
Essa é a história de um guarda-chuva que antes de sair da fábrica, quando ainda estava sendo feita, não sabia muito bem o que se tornaria, se um guarda-chuva forte e robusto (desses pretos, enormes, que são ótimos pra ameaçar os olhos dos pedestres em dias de chuva), ou uma sombrinha delicada, daquelas que enfeitam bolsa de mulher e deixam o dia muito mais colorido, seja noite, dia chuvoso ou dia de sol.
Celeste trabalhava lá na fábrica que fez a guarda-chuva, estava dando acabamento em uma grande remessa (colocando o tecido - deixando a peça com cara de homem ou de mulher), quando topou com um guarda-chuva de cabo azul-clarinho. Celeste adorava olhar o céu durante os dias ensolarados, ela achava que o céu azul era a coisa mais bonita de se olhar, quando saía na rua nos dias ensolarados, ficava ainda mais alegre e sonhadora.
Celeste achava que em dias de chuva, o mundo ficava com ar triste, as pessoas só carregavam guarda-chuva homem, todo preto, deixando o dia ainda mais cinzento. Pensando em tudo isso, com o guarda-chuva (ainda sem tecido) de cabo azulzinho nas mãos, ela decidiu que aquele seria um guarda-chuva mulher, colocou nele uma seda branca, toda salpicada de estrelas azuis, verdes e amarelinhas...Dessa forma, a guarda-chuva deixaria o dia mais colorido, quem a visse, lembraria logo de um lindo dia de sol.
A Guarda-chuva saiu da fábrica toda satisfeita, tinha gostado de vir ao mundo com essas cores tão vivas e com a função de enfeitar o mundo. Foi morar provisoriamente em uma barraca de um vendedor muito animado, numa rua bem movimentada, onde as pessoas só gostavam de guarda-chuva homem, a guarda-chuva não via muito sentido nisso, mas esperou paciente até o dia em que teria uma função além de enfeitar o mundo na barraca do Sr. Animado.
A existência da Guarda-Chuva ganhou sentido e mais alegria, quando Josefa, que gosta de tudo alegre e chamando bastante atenção, comprou a Guarda-Chuva do Sr. Animado e saiu feliz da vida, cantando na chuva, toda orgulhosa por ser dona de uma sombrinha tão companheira e tão charmosa...
Quando saía à rua, a Guarda-Chuva de nome JAHO Umbrella, sentia-se a guarda-chuva mais feliz do mundo, pois sabia que sob a cabeça da Josefa, tornava-se um pedacinho do céu, que a Celeste gostava tanto.


Depois que escrevi a história e dei pra Josefa ler, nasceu o momento para registro da JAHO, a guarda-chuva saiu do anonimato no curso de CFC, tudo isso por causa do livro "A Bolsa Amarela".
17 março, 2011
Mais uma dose de Lygia Bojunga
Mês de Março começou muito bem para minha vida de leitora. Comprei dois livros. Um deles é da Lygia Bojunga, o outro é de Milan Kundera, autor que ainda desconheço, mas despertei interesse pelo livro numa conversa que tive outro dia com um professor de Artes lá do CEU.
Encomendei os dois livros pelo site da Livraria Cultura no mesmo dia. O livro do Milan chegou primeiro, mas não chamou muito minha atenção, e como estava com a capa um pouco amassada por causa da chuva, coloquei-o em cima da teve sobre outros e livros e lá está ele até hoje.
Já o livro da Lygia foi mais um caso de paixão ao primeiro contato. Quando entregaram o livro, eu não estava em casa, deixaram na casa da vizinha. Somente depois das 23h30 é que fui saber que ele me esperava lá. Fui buscá-lo embaixo de chuva e foi quando abri a caixa que o encantamento aconteceu. "LIVRO - um encontro" : esse foi o livro que encomendei. Quando tirei-o da caixa, fiquei encostada na pia, segurando-o, passando a mão na capa e olhando para a foto da Lygia, fazendo a mesma coisa que eu fazia naquele instante, admirando um livro.
Não sei quanto tempo fiquei nessa contemplação. Mas logo despertou em mim a vontade de ler depressa aquele livro, mas antes de terminar a página 27, a vontade de escrever atropelou tudo. Abri o livro, peguei a caneta e desatei a conversar com o livro:
"Lygia, essa página aqui é meu canal de comunicação contigo. São 23h50 do dia 02 de março de 2011.É verão chuvoso (quase outono), acabei de receber teu livro. Digo melhor: acabei de ter o primeiro encontro de verdade com este livro. Terminei Querida no domingo e aguardei ansiosa por esse encontro aqui. Achei esse livro tão magrinho, mas logo que abri, fui me ligando que esse aqui é um caso de amor teu com o LIVRO. Já me identifiquei, tanto que disparou dentro de mim a vontade de escrever, tão logo cheguei na página 27. Lembrei muito do meu encontro contigo, acontecimento de 2009. Logo já imaginei nós duas sentadas no banquinho do 'retiro' falando da 'nossa gente' que habita nos 15 livros já lidos. Encontro maravilhoso. Estou com tanto sono, vou deixar para continuar a ler depois, não fique triste, volto logo. Já entendi porque esse livro é bem magrinho: é uma história de amor não inventada, com livro e toda emoção que couber nas palavras. Cada página equivale à emoção de 10. /91x10=910 páginas. P.S. Fiquei um bom tempo viajando com tua foto na capa. Divina."
A leitura do encontro da Lygia com o LIVRO provocou em mim muitas sensações. Muito diferente das sensações experimentadas nos outros livros. É como se nos fizéssemos companhia. E é uma companhia muito boa. Senti-me tão à vontade com as memórias dela, identifiquei-me tanto com teus casos. E pensar que meu encontro com a Lygia aconteceu há quase dois anos de forma tão inesperada! Só agora lendo o encontro dela com o LIVRO, muita coisa faz sentido pra mim. Passei o Carnaval na companhia da Lygia. Melhor Carnaval é mergulhado em Livro.
Quando a Lygia fala do encontro dela com a escrita, lembrei da vontade que tenho de retomar meu encontro com a escrita lá da adolescência. Sabe como??? Resgatando meu caderninho lá do quartinho de bagunças da minha avó (que mora na Bahia), temo que não esteja mais lá, até liguei ontem para investigar o paradeiro desse caderninho, mas não consegui falar com Vovó.
Incrível como a leitura dos livros da Lygia sempre soam como conversa. Resultado disso foi o livro todo conversado, com anotações lápis, parecia até um kit inseparável: o livro, meus olhos, minha mão e o lápis.
Durante a leitura, fiquei encucada com uma coisa: a Lygia conta de suas paixões pelos livros e autores, mas tem um que ela prefere não citar o nome, dando apenas as características do seu estilo, o que me deixou um tanto curiosa para descobrir o nome do santo. Pelo milagre, imagino que seja um autor que já fui muito apaixonada também, mas não vou arriscar palpite antes de investigar, quando descobrir, posto minhas conclusões. Mas estou louca para saber quem é o autor que a Lygia lia que escrevia livros por "receitas".
Quando terminei o livro, fiquei ainda a escrever nas páginas em branco que me restavam. Registrei o restante de nossa conversa:
É Lygia! Falta apenas ler "Fazendo Ana Paz" para completar a trilogia (Paisagem, Livro-um encontro e Fazendo Ana Paz). Fico pensando, qual será a sensação que terei quando terminar essa trilogia. Nesse momento, senti imensa vontade de reler "Paisagem", cheguei a sonhar com aquele livro. Imagine só? Juntar os três em uma única publicação? Vou relê-los juntos, com lápis nas mãos e sorriso na cara! Você é demais Lygia! Esse teu jeito particular de entrelaçar as histórias me prenderam à tua escrita. Cada livro que leio, quando chego à última página, já está causado em mim o desejo de ler o próximo livro, de reler esse que terminei. Teus livros se casam tão bem, que a sensação logo é de conversa. É isso que penso, Lygia, tua escrita é uma conversa que não termina, e que o leitor não se cansa jamais de ter contigo. A cada leitura, imagino-me sentada num dos cenários de tua obra falando contigo. Espero que lendo todos os teus livros, nosso assunto não chegue ao fim. Sua leitora mais apaixonada, Jaque Flowers. Ainda Verão, 2011.
27 fevereiro, 2011
Querida - Lygia Bojunga
Querida é o livro mais recente da Lygia Bojunga Nunes, lançado em 2009. É também o décimo quinto livro dela que leio e o quarto que comprei. Os outros nove tomei emprestado da biblioteca, futuramente quando criar a minha biblioteca pessoal comprarei todos.
Desde que os livros da Lygia passaram a povoar meu cotidiano, meu vocabulário vai enriquecendo. Um emaranhado de acontecimentos passam a fazer sentido, como por exemplo, meus silêncios e sumiços do blog. Agora a pouco, quando terminava a leitura do livro "Querida" iniciada no dia 18/02, deparei-me com uma expressão que define meus silêncios na escrita: "empacamento verbal". É o que acontece comigo de vez em quando. As vezes, sinto muita necessidade de escrever, de registrar o que sinto, chego a não conter essa vontade em muitos momentos, o que gera altas explosões de escrita, ora aqui no blog, ora em uma folha de papel. Quando não tenho papel e encontro uma caneta por perto, a escrita logo se materializa em alguma parte do meu corpo, pernas, braços, barriga... Será que mais alguém tem essa mania que julgo tão infantil? Quando empaco verbalmente, os desenhos mais pitorescos surgem nos mais variados lugares. Florzinhas desengonçadas e pessoas completamente defeituosas. Segundo um amigo artista, o grande responsável por essas atitudes é o lado direito do meu cérebro.
Por falar no lado direito, ele acabou me distraindo e fazendo eu mudar o assunto da postagem. Comecei falando do livro "Querida" e da sensação que ele causou em mim. Enquanto o lia (grande parte da leitura ocorreu no ônibus), fui sentindo imensa vontade de escrever, senti que meu eu-escritora ia desempacando, estava sentindo-me como o Pollux.
Nessa obra, Lygia Bojunga ilustra o ciúme do menino Pollux e o encontro com o tio que nunca conhecera. Travando um convívio e descoberta do que há de mais comum entre duas pessoas. A "Querida" do Pollux e as "Queridas" do Pacífico fazem a gente se envolver logo nessa trama simples, realista e ao mesmo tempo intensa.
Querida consegue ser simples e complexo, curto e longo. Mostrando a realidade e os pensamentos mais profundos do imaginário de uma criança. O ciúme da Querida chega a ser mais personificado que o ciúme desenhado no conto "A troca e a tarefa" do livro "Tchau".
Querida consegue ser simples e complexo, curto e longo. Mostrando a realidade e os pensamentos mais profundos do imaginário de uma criança. O ciúme da Querida chega a ser mais personificado que o ciúme desenhado no conto "A troca e a tarefa" do livro "Tchau".
Ciúmes, morte, pobreza, sonhos, amores e amizade.
Só lendo para entender a forte trama do mais recente livro da Lygia Bojunga. Vale muito a pena. É um livro pra tomar conta do imaginário. O Retiro, a Ella, o Pacífico, o Teatro, as invencionices do menino Pollux, a Velha e o Bis a caminho do Piauí e as muitas viagens do Pollux-homem e as tuas histórias de amor "para sempre" tomaram conta de mim, consagrando mais uma vez a minha opinião sobre a obra Lygiana. Sempre Querida.
Só lendo para entender a forte trama do mais recente livro da Lygia Bojunga. Vale muito a pena. É um livro pra tomar conta do imaginário. O Retiro, a Ella, o Pacífico, o Teatro, as invencionices do menino Pollux, a Velha e o Bis a caminho do Piauí e as muitas viagens do Pollux-homem e as tuas histórias de amor "para sempre" tomaram conta de mim, consagrando mais uma vez a minha opinião sobre a obra Lygiana. Sempre Querida.
Mais um encontro em que não me decepcionaste, Lygia!
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Querida no Skoob
15 julho, 2010
Meio dedo de prosa com Lygia Bojunga
Novamente volto a falar da Lygia Bojunga. Dessa vez venho registrar a prosa que tive com ela durante a leitura do livro "Feito à Mão".
Acredito que a conversa com o livro já começa antes mesmo de ser aberto. Olhar aquela capa, tão retrato do artesanal, tão cheia de casinhas bordadas que lembram arraiolo, olho pro título e percebo que tem tudo a ver com as mãos.
Ao abrir o livro, já encontro o recadinho que a Lygia deixou para mim "Pra você que me lê", nesse recadinho ela conta cada detalhe de como foi feito o livro, partindo das ideias, do papel, da escrita, toda a sua relação com o processo de produção.
Me senti tão cúmplice dela, que no começo queria produzir tudo à mão mesmo e depois teve que recorrer à máquina para agilizar o processo. Imagina, antes de ler o livro, eu soube a história dele, me senti parte dele, me senti íntima de tudo, tão íntima que desatei a escrever pelo livro.
Quando terminei de ler o recadinho da Lygia, assim escrevi:
Depois de 12 encontros contigo, estou aqui nessa gostosa conversa com você por meio do livro "Feito à Mão", apesar da minha pouca experiência de vida, já senti vontade de "fazer" um livro. Acredita que fiz? Enquanto lia como foi seu processo de produção do "Feito à Mão", fui revendo como um filme o ano de 2009, quando reuni memórias dos meus alunos em um livro, um não: Dois! Como produzi poucos exemplares de cada, fiz um blog para cada um, para não ficarem presos ao papel. Foi uma experiência muito emocionante, naturalmente com muitos defeitos. Jaque Flores, 30 de abril de 2010
Foi só ler esse trecho pra ir logo me sentindo um alguém que encontrou com a Lygia e escrever:
Me senti esse alguém, Lygia! Não tive um encontro contigo no palco, mas em minha casa, na biblioteca, na sala de aula, no ônibus, na faculdade, no meu quarto... Um encontro emocionante, que a cada dia que passa ganha mais significado. Essa sintonia faz parte da realidade, mesmo sem ter aparecido na televisão.
Quando terminei o livro, o som do mar ficou novamente em meus ouvidos e novamente resolvi escrever:
E agora fico aqui, Lygia... com seu balbucio ao pé do meu ouvido. Querendo ouvir mais, querendo saber e descobrir mais de você...Puxa! Me senti tão, tão perto de ti... Foi como se estivéssemos batendo papo na pracinha mais próxima de casa. Deu vontade de te contar minhas conversas, não as que tenho com meus botões, mas as que vivo levando com meu amigo imaginário, o Teobaldo. Poxa Lygia, estou agora mesmo querendo saber mais de você, mas os "Retratos de Carolina" ficaram em casa, em cima da mesa, só sei que li o comecinho, queria tê-lo aqui agora, no ônibus a caminho de casa, nessa de ouvir balbucio com o mar, nem me daria conta do celular ligado na poltrona atrás de mim, do cheiro de cachaça do viajante ao meu lado, ou do barulho do pacote de bolachas à minha frente. Jaque Flores, 02 de Maio de 2010
Referência completa do livro citado:
Bojunga, Lygia, Feito à Mão / Lygia Bojunga; 3.ed. - Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2005.
14 julho, 2010
Conversas com Lygia Bojunga
Para quem me conhece sabe da minha recente paixão pela escritora Lygia Bojunga, e sabe mesmo! Já contei aqui como foi meu "encontro" com ela, de como desandei a ler seus livros e a contaminar as pessoas com histórias que a cada dia me fascinam.
Levei a sério a história de ler todos os livros da Lygia, tanto é que esgotados os exemplares da biblioteca da escola onde trabalho e da Biblioteca Olíria, parti para a Livraria Cultura e o comprei dois livros dos 9 que ainda faltavam para ler. Isso foi em Abril, na mesma semana li "Feito à Mão", e por conta da correria do trabalho e Faculdade, guardei "Retratos de Carolina" para ler no recesso.
Hoje peguei o livro para ler e já dei conta dele, devorei cada palavra, como quem busca desvendar um enigma. Imaginei cada retrato da Carolina, cada passo da sua trajetória, cada momento de conversa com teu pai. Curti muito andar pelas ruas de Londres hoje, acompanhando a viagem da Carolina ainda adolescente.
O livro me surpreendeu muito, quando achava que a história estava no fim, aparece a Lygia e desata num papo com a Carolina, dando novos rumos para a trama.
Isso me fascina, a cada livro que leio descubro mais dessa autora, dessa mulher tão cheia de vida e criatividade. Que consegue com a maior simplicidade tratar de temas tão fortes de maneira tão leve.
É claro que fiquei querendo mais. Estou indo com calma, porque agora faltam apenas 7 livros. Não quero ler todos de uma vez, para não ficar angustiada, quero ir aos pouquinhos, de dois em dois, tenho certeza que se tivesse os sete em minha mão, lê-los-ia em uma semana...
O mais gostoso disso tudo, é que a cada livro que leio, vou rabiscando minha conversa com ela. Sempre deixo um recadinho no começo e na última página, é a minha forma leitora de ser...É como se a Lygia lesse...Depois que ela respondeu meu e-mail lá em Janeiro, dei pra conversar com ela por meio dos livros.
30 janeiro, 2010
Meu encontro com Lygia Bojunga Nunes
Aconteceu de forma simples e ao mesmo tempo fantástica. Sempre ouvi falar da Lygia, e lembro de ter lido trechos dela em livros didáticos quando ainda era pequena. Depois que cresci, ouvia falar de "A Bolsa Amarela (1976)", mas o interesse pra ler não foi intenso.Minha tia Bel estava lendo o livro, na aula de matemática, depois teve que se separar do livro por conta das férias. Como trabalho em uma escola, fiquei de encontrar o livro pra ela na biblioteca.
Descobri-o. Em vez de levá-lo à minha tia, fiquei quieta e li, li no ônibus, voltando pra casa. Quando cheguei a casa, já havia lido e desejava mais. Voltei à biblioteca no outro dia e descobri os tesouros da Lygia guardados ali no pó, alguns novinhos, outros já lidos, folheados.
Mais que depressa separei todos e levei pra casa para ler.Depois de descobrir a menina Raquel com suas vontades (não diferentes das minhas) e sua "Bolsa Amarela" e forte imaginação, parti para "O abraço(1995)". Fiquei impressionada com a história, o jeito como Lygia encaminha a trama, mexe comigo, a Clarice está até hoje em minha mente, falando daquele abraço que não deve nunca ser esquecido. A expressão daquele palhaço, o olhar, as mãos, tudo se reproduziu de forma tão real...
Depois do abraço, fui ver "Paisagem(1992)", história fantástica, incrível envolvimento do leitor com a autora e todo o processo de criação do livro. A essa altura eu já estava com a lista de todos os livros, e com os que havia na biblioteca da escola, devorando-os, de forma insaciável, como se buscasse uma resposta. Descobri que são vinte, e fui lendo, e a cada livro que lia, chegava à sala e contava aos meus alunos.
Sentada na cadeira da minha cabeleireira, chorei lendo os contos de "Tchau(1984)", impressionante a realidade descrita no conto "O bife e a pipoca", tive que ler em voz alta, minha cabeleireira parou o secador pra ouvir aquela maravilha de conto.
O mar está sempre presente em suas histórias, assim como os trocadilhos, metáforas, jogo de palavras, uma sensibilidade que se transfere a cada palavra lida...
Depois encontrei com "Os colegas(1972)", naquela festa e criatividade que me deram uma motivação incrível, com o bordão que acho muito difícil de ser esquecido "vida, acho você a maior".Aprendi muito com Maria na "Corda Bamba(1979)", a dor da perda dos pais e a descoberta da vida, relações familiares e o valor de uma amizade, a importância de ter alguém com quem conversar. Encontro com o inconsciente. Valores esses encontrados também em "Meu amigo Pintor(1987)", que amizade linda, e presença tão marcante da morte. Esses dois livros possuem uma ligação forte com a morte e a forma como é isso para as crianças.
"Nós Três(1987)" é cheio de mistério, uma paixão intensa, forte, fatal, trágica. Uma menina, um homem e uma mulher. Até onde vai a lucidez quando se está apaixonado?Chegar "A casa da Madrinha(1978)" apesar de não ter sido nada fácil para o personagem, senti imensa alegria, fiquei encantada com aquele pavão, sem falar na esperteza do garoto e sua dura realidade, a exploração do trabalho infantil é mostrada na história, a rotina de uma professora, impedida por outras pessoas de encantar seus alunos com a sua fantasia e arte de ensinar. Gostei muito desse livro, sonhos, desejos, realidade...sem falar na intertextualidade com "A Bolsa Amarela" quando é contada a história do pavão que teve seu pensamento atrasado no mesmo lugar onde o Afonso teve o pensamento costurado, a Academia Osatra. Muito bom!
"Angélica (1975)" e a metamorfose do Porco que se torna Porto, e a relação com a verdade, mentira, estar bem consigo mesmo, me deixa mais apaixonada pela Lygia, a Cegonha, o Elefante, o Crocodilo, todos passam a mensagem de que o bom mesmo é a gente se aceitar do jeito que é.
História boa mesmo foi "A cama (1999)", não consegui largar o livro nem para comer, li no mesmo dia e fiquei querendo mais a companhia da Petúnia e do Tobias, aquela cama tão fantástica, tão personagem e tão cheia de histórias pra contar. Seguindo a linha dos móveis, estou lendo "O sofá estampado (1980)" estou ficando desesperada, porque acabou meu estoque de Lygia e ainda faltam oito, vou ter que comprar!Quero todos! Estou no décimo segundo livro da Lygia, e continuo querendo mais. Não tem mais na Biblioteca da escola, nem na Biblioteca Municipal, agora vou correr para a livraria mais próxima...
Não precisa ninguém falar, sei que vale a pena ter "Fazendo Ana Paz(1991)", colocar pelas paredes da minhas casa os "Retratos de Carolina (2002)", sair por aí lendo, cantando e gritando "Seis vezes Lucas (1995)", ter com o "Livro-um encontro (1988)", pedir que alguém leia pra "O rio e Eu (1999)" a história de "Nós três -teatro (1989)" e admirar a obra de arte de "O Pintor - teatro (1989)" e contar a todos que toda essa maravilha da Lygia, essa mulher de verdade, é tudo "Feito à mão (1996)".
[...]
Acabei de descobrir, em visita ao site da autora, que minha lista de livros estava desatualizada.
Sim! Depois de pendurar em minhas paredes "Retratos de Carolina (2002), descobri que preciso continuar com a minha "Aula de Inglês (2006), e não esquecer de jeito nenhum que me sinto bem melhor caminhando com "Sapato de Salto (2006). De todos os livros que tiver em casa, se for vinte, "Dos vinte 1 (2007)" tem que ser da Lygia, pensando bem, é melhor ter todos os livros dessa mente brilhante, porque pra mim, a obra da Lygia já se tornou mais que "Querida (2009).Estou quase chegando lá...
Lygia, acho você a maior!Não precisamos ter inveja de outros países, temos uma escritora fantástica!
Pra ela tiro meu chapéu.Descobri a Lygia ano passado e agora não me separo mais de seus livros.
Paixão às primeira palavras.Visite Skoob e cadastre o que anda lendo...
Mais que depressa separei todos e levei pra casa para ler.Depois de descobrir a menina Raquel com suas vontades (não diferentes das minhas) e sua "Bolsa Amarela" e forte imaginação, parti para "O abraço(1995)". Fiquei impressionada com a história, o jeito como Lygia encaminha a trama, mexe comigo, a Clarice está até hoje em minha mente, falando daquele abraço que não deve nunca ser esquecido. A expressão daquele palhaço, o olhar, as mãos, tudo se reproduziu de forma tão real...
Depois do abraço, fui ver "Paisagem(1992)", história fantástica, incrível envolvimento do leitor com a autora e todo o processo de criação do livro. A essa altura eu já estava com a lista de todos os livros, e com os que havia na biblioteca da escola, devorando-os, de forma insaciável, como se buscasse uma resposta. Descobri que são vinte, e fui lendo, e a cada livro que lia, chegava à sala e contava aos meus alunos.
Sentada na cadeira da minha cabeleireira, chorei lendo os contos de "Tchau(1984)", impressionante a realidade descrita no conto "O bife e a pipoca", tive que ler em voz alta, minha cabeleireira parou o secador pra ouvir aquela maravilha de conto.
O mar está sempre presente em suas histórias, assim como os trocadilhos, metáforas, jogo de palavras, uma sensibilidade que se transfere a cada palavra lida...
Depois encontrei com "Os colegas(1972)", naquela festa e criatividade que me deram uma motivação incrível, com o bordão que acho muito difícil de ser esquecido "vida, acho você a maior".Aprendi muito com Maria na "Corda Bamba(1979)", a dor da perda dos pais e a descoberta da vida, relações familiares e o valor de uma amizade, a importância de ter alguém com quem conversar. Encontro com o inconsciente. Valores esses encontrados também em "Meu amigo Pintor(1987)", que amizade linda, e presença tão marcante da morte. Esses dois livros possuem uma ligação forte com a morte e a forma como é isso para as crianças.
"Nós Três(1987)" é cheio de mistério, uma paixão intensa, forte, fatal, trágica. Uma menina, um homem e uma mulher. Até onde vai a lucidez quando se está apaixonado?Chegar "A casa da Madrinha(1978)" apesar de não ter sido nada fácil para o personagem, senti imensa alegria, fiquei encantada com aquele pavão, sem falar na esperteza do garoto e sua dura realidade, a exploração do trabalho infantil é mostrada na história, a rotina de uma professora, impedida por outras pessoas de encantar seus alunos com a sua fantasia e arte de ensinar. Gostei muito desse livro, sonhos, desejos, realidade...sem falar na intertextualidade com "A Bolsa Amarela" quando é contada a história do pavão que teve seu pensamento atrasado no mesmo lugar onde o Afonso teve o pensamento costurado, a Academia Osatra. Muito bom!
"Angélica (1975)" e a metamorfose do Porco que se torna Porto, e a relação com a verdade, mentira, estar bem consigo mesmo, me deixa mais apaixonada pela Lygia, a Cegonha, o Elefante, o Crocodilo, todos passam a mensagem de que o bom mesmo é a gente se aceitar do jeito que é.
História boa mesmo foi "A cama (1999)", não consegui largar o livro nem para comer, li no mesmo dia e fiquei querendo mais a companhia da Petúnia e do Tobias, aquela cama tão fantástica, tão personagem e tão cheia de histórias pra contar. Seguindo a linha dos móveis, estou lendo "O sofá estampado (1980)" estou ficando desesperada, porque acabou meu estoque de Lygia e ainda faltam oito, vou ter que comprar!Quero todos! Estou no décimo segundo livro da Lygia, e continuo querendo mais. Não tem mais na Biblioteca da escola, nem na Biblioteca Municipal, agora vou correr para a livraria mais próxima...
Não precisa ninguém falar, sei que vale a pena ter "Fazendo Ana Paz(1991)", colocar pelas paredes da minhas casa os "Retratos de Carolina (2002)", sair por aí lendo, cantando e gritando "Seis vezes Lucas (1995)", ter com o "Livro-um encontro (1988)", pedir que alguém leia pra "O rio e Eu (1999)" a história de "Nós três -teatro (1989)" e admirar a obra de arte de "O Pintor - teatro (1989)" e contar a todos que toda essa maravilha da Lygia, essa mulher de verdade, é tudo "Feito à mão (1996)".
[...]
Acabei de descobrir, em visita ao site da autora, que minha lista de livros estava desatualizada.
Sim! Depois de pendurar em minhas paredes "Retratos de Carolina (2002), descobri que preciso continuar com a minha "Aula de Inglês (2006), e não esquecer de jeito nenhum que me sinto bem melhor caminhando com "Sapato de Salto (2006). De todos os livros que tiver em casa, se for vinte, "Dos vinte 1 (2007)" tem que ser da Lygia, pensando bem, é melhor ter todos os livros dessa mente brilhante, porque pra mim, a obra da Lygia já se tornou mais que "Querida (2009).Estou quase chegando lá...
Lygia, acho você a maior!Não precisamos ter inveja de outros países, temos uma escritora fantástica!
Pra ela tiro meu chapéu.Descobri a Lygia ano passado e agora não me separo mais de seus livros.
Paixão às primeira palavras.Visite Skoob e cadastre o que anda lendo...
06 outubro, 2009
Abraço secreto revelado

O abraço. Acabo de chegar do curso de inglês. Vim lendo no metrô, no tróleibus. Fui lendo no tróleibus, metrô. Meu percurso hoje foi lendo esse livro que tomei emprestado ontem da biblioteca da escola onde trabalho. Sei que essa não é uma resenha tradicional, mas preciso contar assim como aconteceu o meu envolvimento com esse livro.
Semana passada li A Bolsa Amarela. Me apaixonei pela Lygia, o modo como escreve, o modo como conversou comigo, o modo como me identifiquei com cada palavra, cada jogo de linguagem, tão simples e tão profundo, que a vontade que dá é largar o livro e sair escrevendo.
Na mesma prateleira onde encontrei A Bolsa Amarela, haviam outros livros da autora. Peguei um de cada e levei pra casa. Ofereci um à minha amiguinha Andressa, que escolheu Tchau, e eu me contentei com O abraço.
A leitura foi rápida. Um percurso. Já a sinópse mexeu comigo. Fiquei perplexa, como as narrativas da Lygia mexem com a gente!
Cristina: uma menina - mulher envolvida pela lembrança do "arrombamento" do seu corpo. Menina violentada sexualmente aos oito anos. Guarda consigo o segredo, sem lembrar. Quando lembra, é uma lembrança diferente, transformada em atração. Medo, dúvidas, curiosidades, encantamento, sentimento, autoconhecimento, amizade, sonho...
Realidade. É tudo o que está impresso nessa história. Acredito que toda menina, mulher devia ler esse livro. Para compreender e entender que crimes assim, devem ser ditos.
Quem guarda, uma hora ou outra acaba lembrando, e junto à lembrança vem uma dor, uma culpa por não ter dito. O medo da infância se transforma em culpa e remorso.
Quem já passou por isso sabe.
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