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30 janeiro, 2010

Meu encontro com Lygia Bojunga Nunes

Aconteceu de forma simples e ao mesmo tempo fantástica. Sempre ouvi falar da Lygia, e lembro de ter lido trechos dela em livros didáticos quando ainda era pequena. Depois que cresci, ouvia falar de "A Bolsa Amarela (1976)", mas o interesse pra ler não foi intenso.Minha tia Bel estava lendo o livro, na aula de matemática, depois teve que se separar do livro por conta das férias. Como trabalho em uma escola, fiquei de encontrar o livro pra ela na biblioteca.
Descobri-o. Em vez de levá-lo à minha tia, fiquei quieta e li, li no ônibus, voltando pra casa. Quando cheguei a casa, já havia lido e desejava mais. Voltei à biblioteca no outro dia e descobri os tesouros da Lygia guardados ali no pó, alguns novinhos, outros já lidos, folheados.
Mais que depressa separei todos e levei pra casa para ler.Depois de descobrir a menina Raquel com suas vontades (não diferentes das minhas) e sua "Bolsa Amarela" e forte imaginação, parti para "O abraço(1995)". Fiquei impressionada com a história, o jeito como Lygia encaminha a trama, mexe comigo, a Clarice está até hoje em minha mente, falando daquele abraço que não deve nunca ser esquecido. A expressão daquele palhaço, o olhar, as mãos, tudo se reproduziu de forma tão real...
Depois do abraço, fui ver "Paisagem(1992)", história fantástica, incrível envolvimento do leitor com a autora e todo o processo de criação do livro. A essa altura eu já estava com a lista de todos os livros, e com os que havia na biblioteca da escola, devorando-os, de forma insaciável, como se buscasse uma resposta. Descobri que são vinte, e fui lendo, e a cada livro que lia, chegava à sala e contava aos meus alunos.
Sentada na cadeira da minha cabeleireira, chorei lendo os contos de "Tchau(1984)", impressionante a realidade descrita no conto "O bife e a pipoca", tive que ler em voz alta, minha cabeleireira parou o secador pra ouvir aquela maravilha de conto.
O mar está sempre presente em suas histórias, assim como os trocadilhos, metáforas, jogo de palavras, uma sensibilidade que se transfere a cada palavra lida...
Depois encontrei com "Os colegas(1972)", naquela festa e criatividade que me deram uma motivação incrível, com o bordão que acho muito difícil de ser esquecido "vida, acho você a maior".Aprendi muito com Maria na "Corda Bamba(1979)", a dor da perda dos pais e a descoberta da vida, relações familiares e o valor de uma amizade, a importância de ter alguém com quem conversar. Encontro com o inconsciente. Valores esses encontrados também em "Meu amigo Pintor(1987)", que amizade linda, e presença tão marcante da morte. Esses dois livros possuem uma ligação forte com a morte e a forma como é isso para as crianças.
"Nós Três(1987)" é cheio de mistério, uma paixão intensa, forte, fatal, trágica. Uma menina, um homem e uma mulher. Até onde vai a lucidez quando se está apaixonado?Chegar "A casa da Madrinha(1978)" apesar de não ter sido nada fácil para o personagem, senti imensa alegria, fiquei encantada com aquele pavão, sem falar na esperteza do garoto e sua dura realidade, a exploração do trabalho infantil é mostrada na história, a rotina de uma professora, impedida por outras pessoas de encantar seus alunos com a sua fantasia e arte de ensinar. Gostei muito desse livro, sonhos, desejos, realidade...sem falar na intertextualidade com "A Bolsa Amarela" quando é contada a história do pavão que teve seu pensamento atrasado no mesmo lugar onde o Afonso teve o pensamento costurado, a Academia Osatra. Muito bom!
"Angélica (1975)" e a metamorfose do Porco que se torna Porto, e a relação com a verdade, mentira, estar bem consigo mesmo, me deixa mais apaixonada pela Lygia, a Cegonha, o Elefante, o Crocodilo, todos passam a mensagem de que o bom mesmo é a gente se aceitar do jeito que é.
História boa mesmo foi "A cama (1999)", não consegui largar o livro nem para comer, li no mesmo dia e fiquei querendo mais a companhia da Petúnia e do Tobias, aquela cama tão fantástica, tão personagem e tão cheia de histórias pra contar. Seguindo a linha dos móveis, estou lendo "O sofá estampado (1980)" estou ficando desesperada, porque acabou meu estoque de Lygia e ainda faltam oito, vou ter que comprar!Quero todos! Estou no décimo segundo livro da Lygia, e continuo querendo mais. Não tem mais na Biblioteca da escola, nem na Biblioteca Municipal, agora vou correr para a livraria mais próxima...
Não precisa ninguém falar, sei que vale a pena ter "Fazendo Ana Paz(1991)", colocar pelas paredes da minhas casa os "Retratos de Carolina (2002)", sair por aí lendo, cantando e gritando "Seis vezes Lucas (1995)", ter com o "Livro-um encontro (1988)", pedir que alguém leia pra "O rio e Eu (1999)" a história de "Nós três -teatro (1989)" e admirar a obra de arte de "O Pintor - teatro (1989)" e contar a todos que toda essa maravilha da Lygia, essa mulher de verdade, é tudo "Feito à mão (1996)".
[...]
Acabei de descobrir, em visita ao site da autora, que minha lista de livros estava desatualizada.
Sim! Depois de pendurar em minhas paredes "Retratos de Carolina (2002), descobri que preciso continuar com a minha "Aula de Inglês (2006), e não esquecer de jeito nenhum que me sinto bem melhor caminhando com "Sapato de Salto (2006). De todos os livros que tiver em casa, se for vinte, "Dos vinte 1 (2007)" tem que ser da Lygia, pensando bem, é melhor ter todos os livros dessa mente brilhante, porque pra mim, a obra da Lygia já se tornou mais que "Querida (2009).Estou quase chegando lá...
Lygia, acho você a maior!Não precisamos ter inveja de outros países, temos uma escritora fantástica!
Pra ela tiro meu chapéu.Descobri a Lygia ano passado e agora não me separo mais de seus livros.
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