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04 abril, 2010

O Contador de Histórias - Sob uma nova perspectiva

Algumas horas atrás, escrevi sobre o filme O contador de histórias, baseado na vida de Roberto Carlos Ramos, um menino desacreditado, tachado como irrecuperável pela FEBEM-MG. Ainda criança fora levado para a fundação pela mãe, atraída pelo comercial na televisão, que prometia transformar as crianças pobres em doutores, dentistas e advogados.
Menino de tudo, Roberto vai acreditando que a FEBEM seria um mundo de sonhos e fantasias. Logo na primeira noite, chorando pela falta da mãe, o garoto percebe que perdeu até o direito de chorar. Sempre muito bom com as palavras, cria histórias, tenta criar um novo jeito de sobreviver àquele mundo totalmente alheio ao seu sonho. Foge, foge, foge...por cento e trinta e duas vezes...
Na rua, apanha, sofre, rouba, aprende coisas ruins, vai vivendo e descobrindo a malandragem urbana. Até que em uma de suas capturas, conhece a pedagoga francesa Margherit Duvas, que vê nesse menino um desafio, um objeto de estudo para a sua pesquisa.
Dessa relação (a princípio de estudo), nasce uma amizade, cumplicidade e mudança. Roberto aprende a ler aos treze anos, aprende a olhar a vida de frente (não a olhar para o chão como foi ensinado na FEBEM). Segue para a França com a pedagoga e anos depois volta para casa, ajuda a mãe, cuida dela, volta para a Instituição (dessa vez como estagiário). Entre uma história e outra que vai contado, Roberto conta a sua, escreve sua própria história, mostrando que nem todo garoto problema é irrecuperável.
Essa história já me emocionava muito, quando estava assistindo me emocionei demais, cheguei a sentir vontade de parar o filme, de tão forte o sentimento que me consumia, um drama tão intenso, cenas fortes, sentimentos verdadeiros, me consumiam, mexiam comigo. 
Ao mesmo tempo que o filme me emocionou, me fez rir, com as jogadas do menino, falando que tinha dislalia no estômago, câncer no útero e a disputa com um coleguinha para ver quem falava mais palavrão.
A imaginação dele, que transforma a Professora de Educação Física (D. Edith) em hipopótamo, a visão dele da FEBEM como um circo, seu comportamento mal educado testando a paciência de Margherit, sem falar na cena final do filme, quando durante o reencontro sua mãe pergunta se ele está ali diante dela é porque já se tornou doutor...
Histórias assim, que emocionam, tocam, fazem rir, refletir, deviam mesmo ficar mais tempo em cartaz, deviam ser vendidas de formas mais acessíveis, são histórias verdadeiras, de gente de verdade, retratos do nosso Brasil. Mostra a intenção de uma entidade assistencial recém criada pelo governo na década de 70, que infelizmente não deu certo. Se saem doutores da FEBEM, é porque encontram ou encontraram em seus caminhos pessoas tão boas quanto a educadora Margherit.
Tiro meu chapéu para essa história, tiro chapéu para Roberto, sua coragem, sua força e toda a sua dedicação à educação. Roberto aproveitou muito bem a educação que recebeu, hoje é mestre em educação, adotou treze meninos de rua e conta sua história pelas faculdades e escolas pelo país.

Um comentário:

Geraldo Brito (Dado) disse...

Impressionante a história desse homem... Quero assistir esse filme.
Parabéns pelo blog!