Do último mês para cá, estou sendo beneficiada por uma overdose do livro "A Bolsa Amarela" da minha querida Lygia Bojunga (estou lendo o livro para as minhas cinco salas do Ensino Fundamental). Quem passa por aqui, sabe que sou fã apaixonada dessa escritora desde 2009. Hoje lá na reunião pedagógica na escola da Prefeitura, fiquei com os olhos banhados em lágrimas falando com uma colega sobre a minha paixão pela Lygia, não me acostumei ainda com esse sentimento, mas é assim sempre que falo da Lygia e de todo meu encantamento por ela, acho que entro em transe, fico hipnotizada, revivo toda a emoção sentida desde a minha descoberta, até minha busca constante por seus livros.
Depois da conversa com a Simone, a emoção continuou ali, me cutucando, pedindo pra virar palavra, suplicando de tudo de era jeito para virar logo história. Me peguei em diversos momentos do dia imaginando a história dos objetos que carregava, da minha agenda, até a minha sombrinha roxa. Já noite, no último dia de curso CFC, perdida nos detalhes da sombrinha da colega ao lado, escrevi a história da guarda-chuva azul-clarinho. Inspirada, é claro! na história da guarda-chuva da Raquel do livro "A Bolsa Amarela".
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A Guarda-Chuva de cabo azul clarinho
Por: Jaqueline Flores
Essa é a história de um guarda-chuva que antes de sair da fábrica, quando ainda estava sendo feita, não sabia muito bem o que se tornaria, se um guarda-chuva forte e robusto (desses pretos, enormes, que são ótimos pra ameaçar os olhos dos pedestres em dias de chuva), ou uma sombrinha delicada, daquelas que enfeitam bolsa de mulher e deixam o dia muito mais colorido, seja noite, dia chuvoso ou dia de sol.
Celeste trabalhava lá na fábrica que fez a guarda-chuva, estava dando acabamento em uma grande remessa (colocando o tecido - deixando a peça com cara de homem ou de mulher), quando topou com um guarda-chuva de cabo azul-clarinho. Celeste adorava olhar o céu durante os dias ensolarados, ela achava que o céu azul era a coisa mais bonita de se olhar, quando saía na rua nos dias ensolarados, ficava ainda mais alegre e sonhadora.
Celeste achava que em dias de chuva, o mundo ficava com ar triste, as pessoas só carregavam guarda-chuva homem, todo preto, deixando o dia ainda mais cinzento. Pensando em tudo isso, com o guarda-chuva (ainda sem tecido) de cabo azulzinho nas mãos, ela decidiu que aquele seria um guarda-chuva mulher, colocou nele uma seda branca, toda salpicada de estrelas azuis, verdes e amarelinhas...Dessa forma, a guarda-chuva deixaria o dia mais colorido, quem a visse, lembraria logo de um lindo dia de sol.
A Guarda-chuva saiu da fábrica toda satisfeita, tinha gostado de vir ao mundo com essas cores tão vivas e com a função de enfeitar o mundo. Foi morar provisoriamente em uma barraca de um vendedor muito animado, numa rua bem movimentada, onde as pessoas só gostavam de guarda-chuva homem, a guarda-chuva não via muito sentido nisso, mas esperou paciente até o dia em que teria uma função além de enfeitar o mundo na barraca do Sr. Animado.
A existência da Guarda-Chuva ganhou sentido e mais alegria, quando Josefa, que gosta de tudo alegre e chamando bastante atenção, comprou a Guarda-Chuva do Sr. Animado e saiu feliz da vida, cantando na chuva, toda orgulhosa por ser dona de uma sombrinha tão companheira e tão charmosa...
Quando saía à rua, a Guarda-Chuva de nome JAHO Umbrella, sentia-se a guarda-chuva mais feliz do mundo, pois sabia que sob a cabeça da Josefa, tornava-se um pedacinho do céu, que a Celeste gostava tanto.
Depois que escrevi a história e dei pra Josefa ler, nasceu o momento para registro da JAHO, a guarda-chuva saiu do anonimato no curso de CFC, tudo isso por causa do livro "A Bolsa Amarela".