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16 novembro, 2014

Manoel de Barros deslimitando nossa imaginação

Sei que Manoel de Barros, em seus 97 anos de idade e mais de 18 livros publicados, não queria significar, segundo ele, significar limita a imaginação.
Mas eu preciso contrariar o poeta, com todo respeito à sua memória, claro! Porque o menino do mato significa muita emoção pra mim!
Colírio que ajuda a desembaçar a visão, permitindo que eu veja as miudezas da vida, a mais absurda poesia que ninguém vê.
Essa semana fiquei despedaçada, muito introspectiva pensando em sua partida.
Logo esse ano que eu andava embriagada pela poesia Manoelística, suspirei com "Menino do Mato", "O livro das Ignorãnças" e quando fui à Bienal do Livro trouxe pra casa a Biblioteca Manoel de Barros, lançada pela editora Leya.
Estava encantando meus alunos com seus versos e imaginando que em 2016 iríamos comemorar o centenário do poeta mais menino do Brasil.

Quando soube do seu quadro clínico, fiquei pedindo a Deus que restaurasse sua saúde. Seu quadro já não era tão fácil e Manoel resolveu descansar com Bernardo, virando passarinho,
No dia 14 cheguei à escola, alguns alunos vieram perguntar se eu já sabia da notícia, me cumprimentaram com pesar, pois sabiam que eu era fã dele, assim como sou fã da Lygia Bojunga!

O homem simples que se declarava Poeta e vagabundo profissional, íntimo dos pássaros e das palavras se passarinhou e descansou. Segundo informações publicadas pelo Jornal Campo Grande, nos últimos meses Manoel já não escrevia, não reconhecia as pessoas e desejava descansar. Justo pra quem deu tanta vida à vida, viver em vão (sem poder ser poeta) seria um despropósito!

Não fui íntima de sua rotina, mas desde 2008 era íntima de seus versos, versos que me trouxeram mais brilho no olhar, mas intimidade com a palavra e doses fortíssimas de inspiração.


Minha homenagem ao poeta foi feita nos corredores da EMEF Armando Arruda. Agradeço a Deus por nos presentear com um poeta tão sensível, e por eu poder ler sua obra.


Com a notícia de sua partida, muitas pessoas compartilharam informações sobre ele, que eu desconhecia, como um documentário raríssimo, em que ele fala, sorri e timidamente se revela. Manoel não gostava de gravar entrevistas, tinha mania de lápis, tinha medo da palavra falada, e penso que nesse comportamento ele era completamente sensato.
Vale a pena assistir a esse documentário! Emocionante!


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