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28 fevereiro, 2011

Influenciável, Eu?

No último mês tenho ouvido algumas pessoas dizerem que sou uma pessoa influenciável. Fiquei um pouco confusa até entender o que significava aquela acusação. Sim, essa definição soou em meus ouvidos como uma acusação. Não me sinto uma pessoa inflûenciável, que vai pela cabeça dos outros. Pelo contrário, sempre tive opinião formada sobre as coisas que desejo, que gosto e sobre quem sou.
Não me influencio nem pelo clima. Lembro que sou do contra com o tempo. Se faz sol, coloco roupa quente, se faz frio nunca levo a blusa. Se chove então, me molho toda, porque odeio carregar guarda-chuva.
Não gosto de andar na moda, seguir as tendências ditadas na TV ou assistir aos programas que empurram na gente no horário "pobre". Prefiro mil vezes desligar a TV e ler um livro, isso ninguém me influenciou a fazer, vem de mim, se outras pessoas fazem isso, é mera coincidência.
Minhas amizades são por afinidade, não por interesse. O que tenho ou o que faço é por necessidade ou desejo próprio. Ninguém cola desejos em mim.
Todo esse burburinho começou porque agora trabalho em duas escolas e estou muito dependente dos ônibus para me deslocar de uma escola à outra. leva um tempo que deixaria algumas pessoas estressadas. Não fico. As pessoas ficam por mim. Enquanto viajo de ônibus, sobra tempo para ler mais e tirar uns cochilos, quando dá para sentar.
Semana passada, havia acabado de chegar em uma das escolas e os colegas começaram a perguntar: "Agora vai comprar uma moto, não é Jaque?". Todo mundo sabe que sou louca por moto, mas tenho medo de tomar a decisão de adquirir uma, por medo de acidente, assalto e todos os acontecimentos que a gente sabe que giram em torno de uma moto.
Enquanto todos falavam para eu comprar a moto, entrou na sala o coordenador e disse: "Olha, gente, você não ficam dando esses conselhos pra Jaqueline, não, porque ela tem a cabeça fraca, ela compra mesmo!"
Não acreditei, foi uma gargalhada geral. todos rindo da forma como ele disse e da forma como reagi.
Contei o fato a outra pessoa, que confirmou que sou influenciável.
Continuo discordando. Se dissessem que sou teimosa, teria assinado embaixo. Agora "maria-vai-com-as-outras"? Isso não.
Vou teimar em andar de ônibus por dois anos, minha meta é essa. Depois penso em outro meio de transporte.

27 fevereiro, 2011

Querida - Lygia Bojunga

Querida é o livro mais recente da Lygia Bojunga Nunes, lançado em 2009. É também o décimo quinto livro dela que leio e o quarto que comprei. Os outros nove tomei emprestado da biblioteca, futuramente quando criar a minha biblioteca pessoal comprarei todos.
Desde que os livros da Lygia passaram a povoar meu cotidiano, meu vocabulário vai enriquecendo. Um emaranhado de acontecimentos passam a fazer sentido, como por exemplo, meus silêncios e sumiços do blog. Agora a pouco, quando terminava a leitura do livro "Querida" iniciada no dia 18/02, deparei-me com uma expressão que define meus silêncios na escrita: "empacamento verbal". É o que acontece comigo de vez em quando. As vezes, sinto muita necessidade de escrever, de registrar o que sinto, chego a não conter essa vontade em muitos momentos, o que gera altas explosões de escrita, ora aqui no blog, ora em uma folha de papel. Quando não tenho papel e encontro uma caneta por perto, a escrita logo se materializa em alguma parte do meu corpo, pernas, braços, barriga... Será que mais alguém tem essa mania que julgo tão infantil? Quando empaco verbalmente, os desenhos mais pitorescos surgem nos mais variados lugares. Florzinhas desengonçadas e pessoas completamente defeituosas. Segundo um amigo artista, o grande responsável por essas atitudes é o lado direito do meu cérebro.
Por falar no lado direito, ele acabou me distraindo e fazendo eu mudar o assunto da postagem. Comecei falando do livro "Querida" e da sensação que ele causou em mim. Enquanto o lia (grande parte da leitura ocorreu no ônibus), fui sentindo imensa vontade de escrever, senti que meu eu-escritora ia desempacando, estava sentindo-me como o Pollux.



Nessa obra, Lygia Bojunga ilustra o ciúme do menino Pollux e o encontro com o tio que nunca conhecera. Travando um convívio e descoberta do que há de mais comum entre duas pessoas. A "Querida" do Pollux e as "Queridas" do Pacífico fazem a gente se envolver logo nessa trama simples, realista e ao mesmo tempo intensa.
Querida consegue ser simples e complexo, curto e longo. Mostrando a realidade e os pensamentos mais profundos do imaginário de uma criança. O ciúme da Querida chega a ser mais personificado que o ciúme desenhado no conto "A troca e a tarefa" do livro "Tchau".
Ciúmes, morte, pobreza, sonhos, amores e amizade.

Só lendo para entender a forte trama do mais recente livro da Lygia Bojunga. Vale muito a pena. É um livro pra tomar conta do imaginário. O Retiro, a Ella, o Pacífico, o Teatro, as invencionices do menino Pollux, a Velha e o Bis a caminho do Piauí e as muitas viagens do Pollux-homem e as tuas histórias de amor "para sempre" tomaram conta de mim, consagrando mais uma vez a minha opinião sobre a obra Lygiana. Sempre Querida.
Mais um encontro em que não me decepcionaste, Lygia!


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Querida no Skoob

24 fevereiro, 2011

Indiferente coração

O coração sabe quando o outro coração não bate na mesma frequência.
E vai ficando quietinho, calado, afastado. Até se arrastar e bater em outro ritmo: desacelerado.
Desacelera um tanto pra depois trovejar em toque-toques medonhos,
dessa vez em ritmos diferentes.
Alheios ao outro coração indiferente.

13 fevereiro, 2011

Vizinhos: anjos ou demônios?

Para cada pessoa uma palavra tem um significado. Amor para algumas pessoas pode denotar o bem, a felicidade, boas lembranças; para outras pessoas significa decepção, ódio, tristeza, sofrimento. Tudo vai depender da experiência.

Há trinta e dois meses, quando resolvi morar sozinha, procurei desesperadamente por uma casa em um local sossegado, de preferência com entrada independente e sem vizinhos no quintal. Encontrei uma casa ajeitadinha, bem localizada, com valor do aluguel que cabia certinho no meu bolso. Mas, eu não estaria sozinha, teria de dividir o quintal com outra família ou pessoa que fosse morar na outra casa. Sem pensar muito, pois não haviam muitas opções de casa na redondeza. Mudei em Junho de 2008 e uma semana depois a família com três pessoas chegou para serem de fato meus vizinhos.

Fui logo com a cara deles, sossegados, tranquilos e com uma filha de dez anos, doidinha como eu. Logo ficamos amigas e era como se ela fosse a minha irmãzinha mais nova. Andressa não acreditava no início que eu era professora, só depois de me ver corrigindo textos madrugadas inteiras é que teve certeza do meu ofício. Ela passou a me fazer companhia em muitos momentos. Ouvia com interesse minhas histórias e experiências vividas na escola e acompanhou inteiramente o meu sofrimento de apaixonada.

Ficávamos acordadas até muito tarde, fazíamos vitaminas, sucos de maracujá com leite, temendo o barulho do liquidificador para não incomodar os outros vizinhos... Acompanhava-me nas caras e bocas também diante do barulho da impressora que trabalhava sem parar depois das 23h.

Brincávamos de tomar chá da tarde, de dançar, pular e cantar, tiramos fotos, fizemos as unhas, escovamos os cabelos, andamos de bicicleta, tivemos crise de riso e assistimos novelas, filmes e vídeos no youtube.

Minha amiguinha me acompanhou em muitas aventuras. Fomos ao Ibirapuera ver "O Pequeno Príncipe na Oca", recusamos amedrontadas às caronas oferecidas ao final da tarde. Fomos à Praia, ao Playcenter, Festa Junina e muitos outros lugares.

Seus pais, pessoas generosas, sinceras e prestativas. Sempre ali ao lado para o que precisasse. O engraçado dessa relação de vizinhos é que aconteceu como eu imaginava. Nenhum invadiu o espaço do outro e rapidinho chegamos aos trinta e dois meses de convivência. Não éramos daqueles vizinhos pegajosos, que ficam o dia todo um enfiado na casa do outro. Nos falávamos e nos ajudávamos sem precisar de um invadir a privacidade do outro.

Andressa, vizinha, irmã e amiga
Partilhávamos os sonhos, as vontades e as indignações com acontecimentos cotidianos. Andressa foi a primeira pessoa que abracei depois que saí do terreno onde será construído o meu apartamento. Abraçadas choramos como crianças, fiquei tocada com a sensibilidade da menina de treze anos, que acompanhou-me nesses quase três anos e sabia da intensidade do meu sonho e o quanto aquela notícia significava para mim.

Foram momentos únicos, não dividimos apenas o quintal e o tanque. Dividimos momento únicos. Infelizmente  por motivos de força maior, meus amigos e vizinhos tiveram que partir. Eu já sabia há um mês, vinha tentando não acreditar e adiava o choro cada vez mais. Hoje foi o dia da partida. Passei o dia pensando no que diria quando fosse dizer tchau. Não consegui pensar em nada, não gosto de despedidas, fico sempre muito sem graça. Foi triste. Nos abraçamos, choramos e desejamos que nossas vidas continuem com felicidade. Queria acompanhar mais de perto a nova fase da Andressa, eu disse o ano passado inteiro que ela viraria “emo”, ela ria e dizia que não. Agora não vou poder acompanhar muito de perto. Logo estará uma moça, com novas amizades e compromissos além da escola e novela. Espero de coração que ela cresça e que continue a pessoa maravilhosa que é.
Procurarei não perder contato com esses anjos que por trinta e dois meses moraram aqui ao lado de casa. Peço a Deus que envie pessoas boas para me fazerem companhia. Se fosse para escolher, eu os escolheria novamente. Vizinhos são anjos. Mas quando a gente mora de aluguel, um dia um dos anjos bate asas e vai embora.

09 fevereiro, 2011

Novo desafio

A partir de hoje coloco no meu cotidiano um novo desafio. Esse é o meu quarto ano como professora de Língua Portuguesa. Desde 2008 sempre tive quintas-séries. Gosto da energia deles, dos olhos cheios de sede, da vontade e curiosidade de aprender a rotina do Ciclo II. Gosto de despertar neles o gosto pela leitura, escrita e principalmente o interesse pelos estudos. Tento criar uma atmosfera de troca e aprendizado constante. Principalmente a pesquisa e descoberta pelo prazer literário.

Não consigo entender como funciona o Ciclo II (1ª à 4ª série), sei que o desempenho de cada aluno é único, que cada um tem o seu tempo para ser alfabetizado. Nem todas as crianças começam a ler na 1ª série, para essa é necessário um trabalho muito mais intenso. O fato é que chegam muitas crianças na quinta série ainda não alfabetizadas, algumas no nível silábico e outras no nível alfabético.

É um desafio muito além do meu alcance. Não sou alfabetizadora, sou professora de Língua Portuguesa, no curso de Letras não me ensinaram a alfabetizar, o que tento é pelo meu esforço e amor ao que faço. Mesmo assim não consigo fazer milagres, pois são apenas cinco aulas semanais com mais de 30 alunos por sala, cada um com seu estágio de aprendizagem. Há os que dominam muito bem a leitura e escrita dentro dos padrões exigidos para a série, mas há aqueles que fazem apenas garatujas, as quais me deixam em desespero, sem saber por onde começar.

Sinto que há aí uma lacuna muito grande. O discurso político que ouvimos por aí "Crianças alfabetizadas na primeira série" e a realidade que enfrentamos diariamente nas salas de aula. Falta capacitação dos profissionais para lidar com essas situações, não apenas lidar, mas encontrar uma solução plausível. Como fazer? Como ensinar essa criança que passou quatro anos dentro de uma sala de aula e não aprendeu a ler? Não adianta tentar encontrar o culpado, resta ir em busca da solução. Ano passado tive oito alunos não alfabetizados em uma classe de trinta. Sei que não pude fazer muito por eles, mas me esforcei e os encaminhei para os especialistas da alfabetização disponíveis na escola.Não é muito, mas já foi um bom começo.
Esse ano tenho cinco alunos em uma sala de trinta e dois que não foram alfabetizados ainda. Será um desafio e tanto, já coloquei na minha lista de metas que até o término do ano letivo, dois deles, no mínimo, precisam estar lendo e escrevendo. Quero ver uma evolução no aprendizado dessas crianças. Não sou santa para fazer milagres, mas espero contar com o apoio das pessoas envolvidas (família, escola, especialistas e professores de outras áreas) para vencer esse desafio.


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Mais sobre níveis de desenvolvimento da escrita em:
Ferreiro, Emília e Teberosky, Ana: Psicogênese da língua Escrita. Ed. Artes Médicas. Porto Alegre, 1999.

03 fevereiro, 2011

Thanks

Foi dada a largada para a minha maratona de 2011.
E eu simplesmente não consigo escrever.
Então uso o espaço para agradecer
Por tudo o que vivo agora
Incomparável e Inexplicável.
Estou acordada
Mas sinto como se sonhasse.

Obrigada, Pai.

^^